As Mulheres Kayapó da aldeia Pykany (pronuncia-se 'pucanú') estão se preparando para lançar um programa de vivência na aldeia em breve. Serão grupos muito pequenos e selecionados. Estivemos lá (@loirocunha , @negocioscomunitarios e eu) à convite do @instituto_kabu e @mrosenbaum para juntos pensarmos o que seria interessante mostrar, como mostrar e como minimizar possíveis impactos. As menire, como são chamadas, se empenharam em nos apresentar a melhor comida. Cada refeição era um verdadeiro banquete com ingredientes fresquíssimos colhidos na roça, coletados ou cacados na floresta, pescado no rio. Tudo preparado com técnicas simples e ancestrais e sem temperos - cozidos em água, na chapa (os beijus) ou assados na folha de bananeira em fogo de chão. Tudo com o sabor genuíno do alimento. Vou mostrar nos próximos posts.
Mulheres Kayapó são fortes, guerreiras, trabalhadeiras e os adornos geralmente são funcionais. Suas maquiagens e produtos de beleza à base de jenipapo, urucum e babaçu não contêm microplásticos, são naturais, atóxicos, veganos, comestíveis, sustentáveis, protetivos etc. E o segredo das pernas fortes não são as saladinhas com peito de frango, não, que elas nem comem verdes e os frangos de quintal não se matam. Deve ser mesmo o trabalho carregando peso na cabeça, o lavar roupa de cócoras no rio, o cortar lenha com machado. E, claro, esta genética exclusiva.
Mães e pais Kayapó. O trabalho da mulher é pesado. É ela quem cuida das crianças, da casa, da roça. Não que não tenham que fazer tudo isto, afinal ou cuidamos das nossas necessidades inerentes ou temos que depender de outra pessoa (muitas vezes explorando-a) para fazer isto. O que tem que ter é companheirismo nestas tarefas. Eles também tem que fazer. Até entre os Kayapó há homens que dividem estas funções com as mulheres e os que se restringem a caçar e pescar como os homens das cidades que trabalham fora como as mulheres e querem chegar em casa pra relaxar e encontrar filhos cuidados, casa limpa, comida pronta e roupa lavada. Este tempo está no fim.
Aqui, Pinoti com a mulher Iretynh trocam o bebê de colo durante o trabalho na roça. Ele estava sempre por perto. Há homens e homens, não importa a cultura - que nunca é estática.
Foto: Camila Barra |
Outro que compartilha com a mulher o cuidado dia filhos é o Koti, que também é um bom caçador. Atrás, o Pinoti do post anterior, maravilhado com seu lindo bebê. Crianças são como dádivas para os Kayapó. Garantem a continuidade da aldeia e sua cultura.