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Leucocasia gigantea, a taioba oriental

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A taioba é uma Panc que já está quase deixando de ser. Já encontramos pra comprar, muita gente já sabe reconhecer pelas características morfológicas, ninguém mais se mete a besta de comê-la crua (embora algumas variedades muito mansas ou se deixadas no sol com sal) pois é melhor prevenir que remediar e  todo mundo tem uma boa receita com taioba. Enfim, tá dominada. Ainda assim, há quem diga que a taioba roxa seja venenosa e não é - o próprio Valdely Kinupp, autor do guia das Panc, afirma que não é. Eu mesma já comi a batata e as folhas desta taioba roxa e realmente é muito boa.

Mas há parentes dela por aí que ainda podem gerar confusão. No bairro da Liberdade a gente encontra talos de taioba que na verdade não é da nossa taioba - estes também comestíveis diga-se, porém
 são mais escuros e mais finos. Trata-se de uma variedade de taro, o nosso inhame japonês, tudo parente da taioba, só que é mais cultivado pelos descendentes de japoneses não pela batata nem pelas folhas, embora ambos sejam comestíveis, mas pelos talos carnudos e mais claros que os da taioba. No Japão, costuma-se secar estes talos cortados em tiras e, se ainda não viu, dê uma espiada nos vegetais secos nas mercearias da Liberdade. São tiras grandes e esbranquiçadas que, depois de hidratadas, podem ser adicionadas em sopas ou refogadas com alho, pimenta e missô. Os talos do inhame japones, desses que compramos pra comer, são mais avermelhados e também podem ser consumidos assim. Sempre cozidos.

Tenho desta variedade oriental em casa e quando esqueço de comer as folhas e elas ficam amareladas, os talos ainda podem ser aproveitados. Diferente da taioba, os lobos da folha não estão separados na inserção do talo (folha saguitada), mas tem o talo disposto mais ao centro (folha peltada) . Como se vê na foto, dá até pra fazer um copinho que acumula água. Embora as folhas sejam extremamente mansas, macias, gostosas, dependendo do solo podem aumentar a concentração de ráfides de oxalato de cálcio e podem virar taiobas bravas, que pinicam a língua, machucam a garganta e podem resultar em lesões doloridas  - e isto aconteceu com o próprio Kinupp, que plantou em seu Sítio Panc, em Manaus, e comeu algumas vezes. Era bem mansa, até que um dia a planta acordou com a pá virada e resolveu ficar brava. Segundo ele, demorou uma semana para passar o efeito dolorido depois de comer as folhas. Por isto o que se recomenda a qualquer taioba é a prova de um pedacinho antes de servir e preferir comer quando o tempo está mais chuvoso. Na seca elas ficam mais bravas. Só pra garantir.

Então, quando encontrar estes talos em mercearias japonesas, compre e experimente: basta descascar como se descasca aspargos e fazer cozido como se cozinha vagem ou qualquer outra hortaliça. Nem precisa jogar a água fora. Apenas corte, lave bem e cozinhe até o ponto desejável - em sopas, refogados etc.

Não é ingrediente apenas japonês, onde o talo é conhecido como Zuiki e quando seco, imogara. Mas parece que em todo o Sudeste Asiático, onde está presente e de onde é nativa, a planta é consumida desta forma. Ontem publiquei um vídeo do Sri Lanka,  em que ela é preparada com leite de coco, pândano, folhas de curry, pimenta etc.   Aqui está: https://youtu.be/T1Gptj_w3x8

Seu nome científico mudou recentemente. Era Colocasia gigantea e agora Leucocasia gigantea.  O gigantea da espécie justifica-se pelo tamanho gigantesco, que pode chegar a 2 metros de altura. No meu quintal, é bem maior que a taioba.

Logo mais posto receita com os talos e folhas, inspirada no vídeo acima do canal Village life.

Os talos mais claros são da taioba oriental. Os escuros, da nossa taioba. 
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A maior, taioba japonesa, folha peltada. Nossa taioba, menor, sagitada. 

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