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Mirtáceas abandonadas. Cabeludinha, pitanga e uvaia.

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Uvaias do ex-nosso sítio em Fartura
Pelo que tenho observado, as frutíferas da família das mirtáceas estão entre as que mais são abandonadas por aí. Talvez por serem plantas prolíferas, baratas e decorativas quando bem cuidadas. Então, bastou uma ligeira fraqueza, um sinal de cansaço pela falta de espaço ou de água, que são colocadas pra fora de casa sem remorso ou piedade nem direito a esperneio. É mais fácil comprar outra muda. E assim nosso sítio já ganhou algumas árvores desta família.




A guapirijuba (Myrciaria glazioviana), também conhecida como cabeludinha ou jabuticaba amarela, é uma mirtácea do mesmo gênero da jabuticaba, com casca firme como uma jabuticaba, com textura aveludada, e uma semente proporcionalmente grande como a da pitanga, sobrando pouca poupa para comer, o que é uma pena, deliciosa e perfumada que é.   Encontramos o pé abandonado junto a um clube da prefeitura aqui no meu bairro. Minha vizinha Ana foi que primeiro a avistou e nos avisou. Fomos lá com o carro. O vaso estava quebrado, mas conseguimos colocar o torrão seco num saco e replantar em casa até o momento de ir definitivamente para a terra, onde agora produz feliz. Já comi algumas frutinhas dela.





Esta pitangueira, encontramos numa praça, à beira de um colapso, sem nenhum sinal vital a não ser um pulso fraco, um verdejar ainda fresco observado através uma arranhadura  (passar a unha no galho é como faço para ver se a planta ainda está verde e viva).  Estava que era pele e osso, ou galho e raiz. Sem nenhuma folha, mal sabíamos se era uma uvaia, uma jabuticabeira ou uma pitanga. Foi levar para casa e regar e as primeira folhas começaram a surgir. Agora já está firme e forte para florir e frutificar na terra livre. De lambuja ainda veio um guaimbé que também vai para o sítio (havia outro vaso de figueira - que se recuperou e já foi para o sítio também).



Em Piracicaba, neste fim de semana, encontramos este vaso com um pé de uvaia jogado à beira de um córrego, totalmente estorricado, mas ainda com folhas. Trouxemos para casa, regamos e deixamos o vaso junto com a pitangueira para logo irem para o sítio.

Ainda em Piracicaba, descobri uma árvore de jambinho pink (Syzygium myrtifolium) carregada de frutos. Não estava abandonada à própria sorte na secura de um vaso, mas encontrava-se num estado de pura negligência. Perguntei para um, para outro e ninguém sabia o nome. Apenas os pássaros cantavam felizes pulando de galho em galho em algazarra. Está certo que esta é uma mirtácea exótica e que o fruto não é aquele jambo rosa todo, mas para que tanto desprezo? Ele é docinho, gostoso, é fácil de separar a semente e dá pra fazer compota e geleia.

A sorte é que as mirtáceas parecem ser mais resistentes à seca que ao excesso de água. Eu tinha uma uvaieira no vaso que produziu muitos frutos durante uns três anos.  Um dia fui viajar, choveu muito, ninguém percebeu que o furo do vaso estava entupido. Quando cheguei, a planta estava imersa num lodaçal, já tinha perdido muitas folhas e logo morreu. Já tinha feito geleia e sucos com seus frutos (uma das mirtáceas de que mais gosto - além das pitangas, da feijoa, da jabuticaba, do jambo e de todas elas). Uma grande perda.
As sementes foram para a Argentina. Se não fui interceptada, devem estar
chegando. 

E é incrível como tem gente apaixonada por mirtáceas e até aquelas que se dedicam a fazer coleção delas, como o argentino Marcos que conheci recentemente por causa desta família. Mandei a ele sementes de grumixama e uvaia e aproveitei para tirar do chão algumas mudas de cereja-de-joinvile para mim.

E quem tiver ou vir mirtáceas em situação de abandono, é só me avisar, que, se eu puder, vou buscar.



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