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Convite: O livro de sorbets e sorvetes com frutas brasileiras da Rita de Medeiros

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Hoje tem lançamento do livro da Rita de Medeiros no Tordesilhas. Desculpe o convite de última hora, mas não pude postar antes. Acho que ainda dá tempo. Se não puder ir, pode comprar o livro direito com a Editora Terceiro Nome.Rita tem uma sorveteria de sorvetes artesanais com frutas do Cerrado em Brasília e é autora do livro Gastronomia do Cerrado (Fundação
Banco do Brasil, 2011).

Neste livro há uma participação minha com várias fotos que você já viu alguma vez aqui no Come-se. É de minha autoria também a apresentação, que reproduzo aqui: 
 
"Não é em todo lugar e a qualquer hora que a gente se depara com profissionais como a Rita, com brilho nos olhos ao falar do seu trabalho. Estive recentemente em sua sorveteria artesanal em Brasília e fiquei encantada com o balcão de sorvetes cremosos, perfumados, coloridos, feitos com sabores locais. A paixão que ela tem pela técnica gastronômica envolvida com sua arte não está dissociada daquela que ela nutre pelos ingredientes do cerrado e pelo ambiente cultural que os envolve. É um sentimento contagiante que está estampado em seu olhar sempre emoldurado por um sorriso.
Por isto, me senti muito lisonjeada quando Mary Lou quis usar algumas fotos minhas para ilustrar este livro. E mais ainda por poder escrever neste espaço para dizer o quanto é bom ler uma obra que reflete todo o trabalho de uma pesquisadora apaixonada por nossa cultura, uma habilidosa artesã do gosto e, sobretudo, uma pessoa generosa que desafia preconceitos para nos convencer, e convence, do luxo que representam estas frutas nativas que chegam a ser chamadas de exóticas. E isto tudo numa prosa gostosa, como se estivéssemos brincando ao redor de uma rara sorveteira manual funcionando a gelo e sal na alternância da manivela.
O bom é que este livro é muito mais que a sugestão do título. Ele traz não só informações técnicas sobre sorvetes e sorbês de receitas simples e que podemos fazer em casa, mas vem recheado também de preciosidades: histórias emocionantes de gente que vive da coleta de frutos, informações científicas e curiosidades de espécies das quais pouco ouvimos falar, como mama-cadela, marmelada, guapeva e curriola, só para citar algumas.
Depois de ler o livro todo você se põe a pensar na riqueza que é a biodiversidade alimentar no cerrado. O conjunto das espécies apresentadas por Rita não segue o padrão da fruta-sobremesa que encontramos nos supermercados. São frutos de quintal ou que aparecem nas feiras aos montes só na época deles. São frutos raros, ignorados, quase esquecidos, às vezes só presentes na lembrança. São aqueles colhidos no pé, catados do chão, rústicos ou delicados, são frutos verdes e maduros, doces ou azedos, melosos ou travosos, para comer crus ou cozidos. Tem os frutos para farinha, para o mingau, para o sabão, para o óleo e remédio. Podem ser amiláceos, proteicos, gordurosos, coloridos, feios e bonitos. Alguns fazem vezes de pão, outros servem de carne, um tanto vira doce.  Podem ser macios, crocantes, escorregadios ou cremosos como sorvetes. Um pouco é de comer, outro de roer, muitos de chupar. Enfim, frutos de todo jeito, um grupo de espécies que alimenta, nos supre, alegra e nos torna soberanos.  E saber saber ainda que todos podem virar deliciosos sorvetes nas mãos da talentosa Rita e de quem mais se aventurar a segui-la, ah, isto é demais!
Diante de tanto potencial, não dá para deixar de sentir tristeza quando pensamos no cenário atual de destruição deste bioma, em que florestas de frutas nativas do cerrado têm dado espaço a vastas áreas de monocultura.  Sorte nossa que há ainda gente como a Rita. Se depender dela e dos leitores que certamente vai cativar, formaremos todos um forte cordão de resistência a gritar “menos soja aqui, mais sorvete de pequi”. " 


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