As flores e folhas frescas são só pra fazer graça - e deixar a impressão, talvez |
Faz tempo que ando querendo construir um forno a lenha lá no nosso sítio em Piracaia, mas nunca dava certo de encontrar alguém que topasse ir lá fazer. Enquanto isto ia pesquisando técnicas de feitio no youtube. Até que nos ocorreu de organizar a construção para quando meu pai viesse nos visitar, o que aconteceu no carnaval. Na minha família, por parte de mãe, todo mundo sabia fazer forno. Minha avó Zefa, meu avô Joaquim e minha mãe já se foram sem me ensinar. Mas meu pai aprendeu com eles, já fez alguns quando eles moravam no sítio e agora me ensinou - não vou esquecer nunca mais. E que fique aqui registrado para minha filha e os filhos dos outros.
É claro que no sítio, quando meus pais faziam, usavam menos recursos do que usei. A armação, é claro, não precisa ser de ferro. Há várias formas de se montar um forno. Pode-se fazer um monte de areia, cobrir de barro e quando este seca basta tirar a areia. Pode ainda fazer a estrutura de bambu para suportar os tijolos e/ou barro. Mas eu preferi desenhar um esqueleto com medidas da minha cabeça e pedir para um serralheiro fazer já deixando fixa a porta com tramela e a chaminé, tudo numa estrutura só. Nos modelos mais rústicos, há outras formas de bolar uma chaminé e uma tampa - geralmente um pedaço de chapa fecha a portinhola, usando como trava um toco apoiado ao chão.
Daqui foi tirada a terra de formigueiro |
Com açúcar cristal |
Até a irmã Fátima entrou na dança |
O pai assentando os tijolos - antes eu encontrei o centro da bancada, fiz um compasso de barbante e giz e risquei o círculo |
Já com a estrutura do telhado |
O Doc agora também sabe fazer forno |
Para aproveitar a massa que sobrou, fiz um fogãozinho para o disco de arado |
O pedreiro fez uma bancada forrada com plaquetas hidráulicas, de modo que quando meu pai chegou, foi só fazer a massa e assentar os tijolos - desses de barro normais para construção, sem necessidade de ser tijolo refratário.
Bem, com meu pai fiz todo o processo e agora posso dizer que também sei fazer um fogão de barro - se bem que é melhor esperar pra ver se vai funcionar mesmo. Mas, segundo meu pai, não tem porque dar errado. Provavelmente só vou ter dificuldade para acertar a temperatura.
Botei um pouco de alecrim na massa pra disfarçar o cheiro de esterco - não adiantou nada, mas o cheiro passa rápido. |
Pronto! E já com telhado! |
Neste final de semana estávamos sós, Marcos e eu, pois meu pai já tinha voltado pra casa. Então, sobrou para nós a tarefa de rebocar o forno. Fizemos a massa conforme orientação dele e parece que deu tudo certo - a massa ficou super flexível, maleável. O esterno de vaca é um ingrediente que faz a massa ficar menos dura e portanto menos passível de rachaduras. O açúcar deixa a massa mais grudenta, elástica.
Para a massa de assentar os tijolos, usamos: 3 carrinhos de terra de formigueiro (isto não falta lá no sítio) e 5 kg de açúcar cristal ou mascavo. Se a terra estiver empelotada, peneire. Mas a terra de formigueiro soltinha não precisa - a saliva da formiga, acredito, deve servir para deixar a massa mais liguenta. Misture tudo e vá juntando água e mexendo com a enxada, até ficar uma massa grudenta que se junta ao tijolo.
Para a massa de reboco - fizemos 5 dias depois: 3 carrinhos de terra de formigueiro peneirada, 1 a 1,5 lata grande de tinta de esterco fresco de gado e de 1 a 2 litros de cinza. Misture tudo e vá juntando água até virar uma massa como massa de reboco.
Depois de os tijolos assentados, rebocamos com as mãos, jogando a massa contra os tijolos e depois alisamos com as mãos.
Agora é esperar secar, acender a lenha e fazer o pão. Quero ainda fazer algumas oficinas do PãoNaCity lá. Aí será PãoNoSítio.
Como sobrou massa, quis fazer uma experiência usando outra técnica de construção de forno - faz uma montanha de areia molhada, cobre com o barro, espera secar e tira a areia. |
Forninho de lenha de experiência |