Estou feliz porque a mudinha de umbu que trouxe da penúltima viagem a Uauá resolveu cobrir o galho seco de folhinhas. E mesmo que chova e que não nos tornemos uma caatinga, e mesmo que meu umbuzeiro não dê flor e frutos, ao menos as folhas ele já provou que é capaz de me dar. E elas são ácidas, gostosas de comer, boas para chá e tempero. Já está bom assim.
Agora, no semi-árido, o umbuzeiro é uma das árvores mais importantes para o sertanejo. Já foi muito mal-tratado no passado, mas agora é respeitado, pelo menos por quem depende dele pra viver, que o caso da dona Jovita e dos cooperados da Coopercuc. Dona Jovita conta que no passado o pobrezinho era chacoalhado de assalto para que soltasse seus frutos, fossem verdes ou maduros. Agora, não. Sobem no pé, colhem um a um, com o maior cuidado. Ou recolhem do chão, desde que cheguem antes que as cabras. Ela me ofereceu o chá da foto, com flores e folhas recém-colhidos. Uma delícia, ácido com gosto de mel.
Dona Jovita se transforma quando sobe no umbuzeiro. Diz que não sabe como tem gente que tem tudo pra ser feliz e não é. Ela diz que tem tudo e é feliz. E seu tudo é uma casinha simples, alguns pés de umbu e uma natureza toda à sua volta, às vezes seca, às vezes exuberante.
O umbuzeiro está sempre verdinho mesmo quando tudo o mais na caatinga secou. Para abastecê-lo com água, ele dispõe de grandes xilopódios que são verdadeiras cacimbas junto às raízes. Por isto, a planta se assenta numa área grande espalhando em volta suas fontes de água. Dona Jovita sabe disto e nunca mais tirou os xilopódios para fazer doce - o hábito ainda persiste em alguns lugares do sertão.
Mas tem gente que parece não saber. Fiquei estarrecida quando fui de carro pra Petrolina e vi que para pavimentar a BR 235 a construtoras tira terra da beira da estrada, elevando a rodovia e rebaixando as margens como se elas fossem rais olímpicas, só que secas. Quando um umbuzeiro é encontrado pelo caminho, homens e máquinas não têm dúvida: tiram a terra de volta e deixam a pobre árvore lá em cima, apoiada num bolo de terra, sozinha. É claro que são umbuzeiros com morte certa e muitos já estão secos. E, na margem da rodovia, para que ela não desmorone, estão plantando macambiras, que são retiradas de seu habitat natural no meio da caatinga e levadas para o ambiente hostil da beira do asfalto quente e sem irrigação. Conclusão: macambiras e macambiras mortas, caatinga sem macambiras, animais sem abrigo, novas plantas desprotegidas e tudo o que há de vir deste descuido ambiental.
Agora, no semi-árido, o umbuzeiro é uma das árvores mais importantes para o sertanejo. Já foi muito mal-tratado no passado, mas agora é respeitado, pelo menos por quem depende dele pra viver, que o caso da dona Jovita e dos cooperados da Coopercuc. Dona Jovita conta que no passado o pobrezinho era chacoalhado de assalto para que soltasse seus frutos, fossem verdes ou maduros. Agora, não. Sobem no pé, colhem um a um, com o maior cuidado. Ou recolhem do chão, desde que cheguem antes que as cabras. Ela me ofereceu o chá da foto, com flores e folhas recém-colhidos. Uma delícia, ácido com gosto de mel.
Dona Jovita se transforma quando sobe no umbuzeiro. Diz que não sabe como tem gente que tem tudo pra ser feliz e não é. Ela diz que tem tudo e é feliz. E seu tudo é uma casinha simples, alguns pés de umbu e uma natureza toda à sua volta, às vezes seca, às vezes exuberante.
O umbuzeiro está sempre verdinho mesmo quando tudo o mais na caatinga secou. Para abastecê-lo com água, ele dispõe de grandes xilopódios que são verdadeiras cacimbas junto às raízes. Por isto, a planta se assenta numa área grande espalhando em volta suas fontes de água. Dona Jovita sabe disto e nunca mais tirou os xilopódios para fazer doce - o hábito ainda persiste em alguns lugares do sertão.
Mas tem gente que parece não saber. Fiquei estarrecida quando fui de carro pra Petrolina e vi que para pavimentar a BR 235 a construtoras tira terra da beira da estrada, elevando a rodovia e rebaixando as margens como se elas fossem rais olímpicas, só que secas. Quando um umbuzeiro é encontrado pelo caminho, homens e máquinas não têm dúvida: tiram a terra de volta e deixam a pobre árvore lá em cima, apoiada num bolo de terra, sozinha. É claro que são umbuzeiros com morte certa e muitos já estão secos. E, na margem da rodovia, para que ela não desmorone, estão plantando macambiras, que são retiradas de seu habitat natural no meio da caatinga e levadas para o ambiente hostil da beira do asfalto quente e sem irrigação. Conclusão: macambiras e macambiras mortas, caatinga sem macambiras, animais sem abrigo, novas plantas desprotegidas e tudo o que há de vir deste descuido ambiental.