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Eliane, criadora de cabras, na Serra da Besta, em Uauá |
O bode é um cabra curioso. Na caatinga, é um dos poucos animais que sobrevive ao chão pedregoso, à falta de água e à escassez do alimento. Muitas vezes é a única fonte de proteínas da população. Já não se cria mais gado a não ser que o cabra seja muito teimoso. Por outro lado, o bode acaba com a paisagem da caatinga se criado nos fundos de pasto (áreas comuns e protegidas) e sem alguma confinação das cercas feitas com galhos de catingueiras - e o sertanejo sabe fazer cercas como ninguém. Mas o bode só destrói a caatinga porque o homem destruiu as macambiras pontudas, espinhudas, que protegem a biodiversidade dando a oportunidade de novas plantas se desenvolverem. Macambiras protegem também os pequenos roedores, pois é cabra ali se abaixar pra ter os olhos furados.
Pra driblar a falta de alimento, muita gente planta palma para os bichos - e, curiosamente, diferente dos mexicanos, não acham que a palma ou nopal possa ser comida para humanos. Para as cabras, há quem tenha o cuidado de colher pela manhã as raquetes de palma, deixar resfriando e só dar aos bichos quando estão friinhas. E, como vimos Eliane fazer numa comunidade rural de Uauá, na Serra da Besta, as palmas são fatiadas para os animais não se engasgarem.
O queijo de cabra é comum, mas não é todo mundo que sabe fazer. Tem formato retangular, é delicioso com vinagre de umbu - e, quem sabe, umas fatias de berinjelas grelhadas. Agora, a carne de bode assada (na verdade, frita) é unanimidade. Em todo lugar tem. E quando não tem dela fresca, sempre há uma manta seca pra botar na panela quando chega uma visita. E uma coisa que todo mundo gosta é desta carne bem esturricada e salgada (às vezes, excessivamente, como a do hotel onde fiquei - neste caso torna-se intragável). De um modo geral, a gordurinha tostada dá ao conjunto um equilíbrio, evitando que fique tão seca.
Mas, voltando às cabras curiosas, elas não podem ver um objeto, uma mochila diferente, que logo querem espiar, abrir, comer. E vão vencendo medos, se aproximando, pois a curiosidade é mais forte que a razão. Nestas horas, a gente pode pegá-las facilmente pela galhada só pra ouvir o bééeeeeh!
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Venham, ela não está olhando |
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O que será isto? |
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Deixe que eu abro |
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Podem vir, vamos comer o que tem dentro |
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Corredor para livre passagem sem destruir o pomar |
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Eliane cortando palmas para os bichos |
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Queijo do leite da cabra |
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Bode assado |
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Plantas protegidas das cabras |