Nem parece, mas este açude fica em plena caatinga. Até parece que o sertanejo está melhor servido em água que nós, a julgar pelas imagens das represas do sistema Cantareira, que fornece parte de nossa água, no lodo. Mas no sertão a coisa é sempre mais grave e esta represa está tão baixa que deixa à mostra as ruínas de Canudos. Para quem não conhece a história de uma das guerras mais sangrenta, dantesca e desigual da nossa história, veja aqui e ali. E também mostrei o tamanho da bala naquele post.
Esta foi a terceira vez que visitei o parque estadual, que abriga uma parte do território onde se deram as batalhas. A primeira delas aconteceu em Uauá, onde eu estava hospedada, a alguns quilômetros dali, no caminho para Juazeiro. Das outras vezes visitei apenas o parque, mal cuidado e mal sinalizado, por sinal. Antes, ainda havia informativos para o visitante e painéis explicativos nos pontos de parada. Agora estava com Jussara, as crianças e as amigas Fátima, do Acre, e Ligia Poggio, da Itália. Elas, que não conheciam o parque, saíram sem saber muito além do que eu e Jussara pudemos contar. O descaso com nossa história continua quando resolvemos dar a volta por Bendegó e visitarmos o outro lado do açude, onde fica Canudos Velha - o vilarejo foi construído com remanescentes de Belo Monte, que foi totalmente destruída quando chegou a ter 25 mil habitantes, seguidores de Antônio Conselheiro. Mas ninguém ali gosta muito de falar do passado. Que os descendentes culpem os monarquistas, Antônio Conselheiro ou o exército pela perda de seus antepassados, tudo bem. Agora, que o poder público tente apagar um pedaço da nossa história isto é vergonhoso. Não há placa em nada, não há proteção ao que restou e não há sinalização suficiente para turista chegar até ali.
A barragem construída naquele vale nos anos 1950, segundo dizem muitos baianos daquele pedaço da Caatinga, teve mesmo o intuito de afogar de vez qualquer lembrança daquele passado sombrio e vergonhoso. O açude de Cocorobó encobriu as ruínas, mas algumas estão ali abertas e sujeitas aos efeitos do tempo e do descaso. E, na estiagem, o que estava totalmente submerso aparece, como o grande arco do portal da igreja - destruída, certamente por uma daquelas balas de canhão. Nas vezes anteriores não dava pra ver as ruínas. Isto significa que a seca neste ano está ainda pior.
Tão pouco turista aparece por ali que, no restaurante onde paramos para comer peixe frito, todo mundo queria saber de onde éramos, o que fazíamos e quem era o que de quem, numa curiosidade agradável de puxar conversa que não fugimos de responder.
Aqui, algumas fotos.
Esta foi a terceira vez que visitei o parque estadual, que abriga uma parte do território onde se deram as batalhas. A primeira delas aconteceu em Uauá, onde eu estava hospedada, a alguns quilômetros dali, no caminho para Juazeiro. Das outras vezes visitei apenas o parque, mal cuidado e mal sinalizado, por sinal. Antes, ainda havia informativos para o visitante e painéis explicativos nos pontos de parada. Agora estava com Jussara, as crianças e as amigas Fátima, do Acre, e Ligia Poggio, da Itália. Elas, que não conheciam o parque, saíram sem saber muito além do que eu e Jussara pudemos contar. O descaso com nossa história continua quando resolvemos dar a volta por Bendegó e visitarmos o outro lado do açude, onde fica Canudos Velha - o vilarejo foi construído com remanescentes de Belo Monte, que foi totalmente destruída quando chegou a ter 25 mil habitantes, seguidores de Antônio Conselheiro. Mas ninguém ali gosta muito de falar do passado. Que os descendentes culpem os monarquistas, Antônio Conselheiro ou o exército pela perda de seus antepassados, tudo bem. Agora, que o poder público tente apagar um pedaço da nossa história isto é vergonhoso. Não há placa em nada, não há proteção ao que restou e não há sinalização suficiente para turista chegar até ali.
A barragem construída naquele vale nos anos 1950, segundo dizem muitos baianos daquele pedaço da Caatinga, teve mesmo o intuito de afogar de vez qualquer lembrança daquele passado sombrio e vergonhoso. O açude de Cocorobó encobriu as ruínas, mas algumas estão ali abertas e sujeitas aos efeitos do tempo e do descaso. E, na estiagem, o que estava totalmente submerso aparece, como o grande arco do portal da igreja - destruída, certamente por uma daquelas balas de canhão. Nas vezes anteriores não dava pra ver as ruínas. Isto significa que a seca neste ano está ainda pior.
Tão pouco turista aparece por ali que, no restaurante onde paramos para comer peixe frito, todo mundo queria saber de onde éramos, o que fazíamos e quem era o que de quem, numa curiosidade agradável de puxar conversa que não fugimos de responder.
Aqui, algumas fotos.
A doce Joaninha do sertão |
Restos de tijolos da vila destruída |
Joaninha, Juan e Lia |
Quando a represa está cheia, nada se vê |
O pé de um cruzeiro? Este, fora da represa, sem placa, sem nada |
As ruínas vistas do alto do parque estadual de Canudos |
Joaninha, Juan e Lia |
Tilápia da represa |