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Horta City Lapa. Você praça acho graça.

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Agora está assim
De manhã estava assim 

“Você praça acho graça. Você prédio acho tédio”

Ontem, fiz aqui no Come-se um convite aos leitores, avisei os amigos. Mas o dia é proibitivo para quem tem trabalho fixo com horário, reconheço. É que a questão era urgente, alguns vizinhos estavam reclamando. Ana e eu fomos ontem à noite na reunião de zeladoria na subprefeitura da Lapa (que acontece nas primeiras quintas do mês) cobrar o corte do mato 
e comunicar sobre a existência agora de nossa horta. O subprefeito gostou da iniciativa e falou que os homens viriam e também o que já sabemos: no começo algumas pessoas não gostam, no meio quem gostava pode não gostar e por fim quem não gostava pode acabar gostando. Algo assim. 

Por isto, o negócio é ir fazendo. Comece sempre com um amigo pra dar força. Se não fosse minha vizinha Ana Campana eu teria desanimado um pouco com os votos de fracasso. 

Bem,  hoje de manhã estávamos lá na praça com um mutirão nunca imaginado. Apareceram a Neuci, a Ana e o Carlos. Além de nós, Ana, minha vizinha, e eu. Carlos e Neuci precisaram ir embora, mas ficamos nós três na companhia de um batalhão de homens que vieram cortar o mato e tirar entulhos. 

Os homens da prefeitura trabalharam bastante, recolheram entulho e galhos (uma das alegações dos que apostam que não vai dar certo é que  'é muito perto da estação de trem, e sabe como é, o povão é porco'). Pois é, os entulhos e galhos são da própria vizinhança que manda o jardineiro jogar lá por preguiça de empacotar ou então paga para o caroceiro tirar da frente da sua casa sem querer saber onde é que o lixo vai ser desovado - na praça mais próxima, claro. Por fora, bela viola..

Demos bolos e suco de umbu pros homens e continuamos nosso trabalho de fazer buracos, aproveitar a palhada para fazer cobertura morta, colocar plaquinhas e conversar com quem passasse. Usamos também como composto os restos úmidos de folhas e terra acumulados na guia. Estava tão bom que tinha até minhocas. Por enquanto não compramos nada para o espaço. Todas as mudas são backups das que tenho no quintal. Fiz as mudas antes de viajar e agora estavam prontas.

Quase todo mundo que passava trazia um sorriso de satisfação. E planta e comida são sempre motivo para puxar conversa. São horas gostosas que passamos quando mexemos com a terra.

Um homem passou com um fardo de pano branco de algodão nas costas. Disse que ia mandar passar um trator ali e acabar com tudo aquilo. Em seguida deu um sorrisão dizendo que era brincadeira, que adorava planta, que terra tinha cheiro bom, melhor que perfume comprado, que adorava abraçar árvore, que sentia energia boa. Então perguntei: e se abraçasse um prédio?. Eu, hem, dá choque, ele respondeu dando gargalhadas.  Então eu repeti o que se vê carimbado nos muros de todo o Brasil: “Você praça acho graça. Você prédio acho tédio” (
 mensagem criada pelo jornalista Dafne Sampaio).  Ele gostou e saiu rindo andando livre vendendo seus panos comprados no Brás. Meio louco meio gênio e repetindo: podia ser todo mundo assim, livre como este cachorro. Eu sou como este cachorro - falava do cão que mora na rua de baixo e passou atrás dele espiando a novidade da praça agora horta, agora graça. 

Bem, seguem as fotos da horta City Lapa com mil agradecimentos à força dada pela leitora Ana, que veio da Pompeia,  me fez mil elogios a ponto de me deixar sem graça e que aguentou firme sem água e sem almoço até quase três da tarde (desculpe, Ana, pela constituição camelística que me faz esquecer que isto não é normal nem saudável para ninguém).  E desculpe também porque vai aparecer na foto. 

Não é gente do trem que coloca resto de poda aqui



Composto fértil
Serviu como adubo para o alecrim, o hibisco, manjericão
Missão cumprida, com ajuda das duas Anas (A Campana já estava a
esta altura atendendo no seu consultório de dentista) 


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