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É hora de plantar. Abacate, manga, jabuticaba, pimentas, tomates ...

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Meu amigo Fernando enfeita a mesa com os abacates brotados em água
Engraçado, meu primeiro post aqui no blog foi em 2006,  com o título "Aqui se planta, aqui se come". Desde então minha doença de plantar só tem crescido. Agora que temos um sítio, ainda mais.

Você pode dizer que com esta seca, melhor não plantar nada. De fato, no campo talvez não seja um bom momento, com esta falta de água dos últimos meses. Mas em casa, se você tem água de reuso da pia toda hora é hora. Já reparou que a maior parte da água que se vai pelo cano na pia da cozinha é água sem sabão? Água que a gente enxágua a mão, água que lava fruta e verdura e aquela que a gente só usa pra passar num utensílio qualquer antes de usar. Para recolher, é só manter uma bacia sobre a cuba da pia e um balde por perto. Pronto, terá água suficiente para regar muitas plantas. Nada de deixar um vaso estorricando no sol da varanda se tem água de sobra na cozinha.

Mas, voltando às sementes e a hora de plantar. É claro que,  assim como na gastronomia e em todas as áreas, há técnicas apropriadas para cada situação. E quando o assunto é profissional, não dá pra dispensar o conhecimento. Agora, plantar e cozinhar amadoristicamente são atitudes inatas ao ser humano, pois disto depende nossa sobrevivência. Então, mesmo que não tenha técnica alguma, não há desculpas para não praticar estas duas coisas  - a não ser que se as abomine.

Muita gente me pergunta como faço pra plantar isto ou aquilo, que tipo de terra usa, qual a melhor época, quando poda, como poda, quando muda de vaso, a posição do sol, a frequência de rega etc. É certo, de vez em quando eu aprendo alguma coisa que vou acumulando no repertório. Mas quase sempre aprendo por tentativa, erro e ignorância (a ignorância nos protege sob vários aspectos, incluindo o de não ter medo de arriscar algo consagrado como fracasso certo por quem conhece).  É claro que se quero plantar milho, feijão ou outra cultura que vai demandar tempo e espera de resultado, procuro me informar sobre o cultivo. Mas se como algo que tem semente ou vejo uns galhos de poda na rua, o que faço é enfiar na terra que tenho, do jeito que é possível. Às vezes é terra comprada, mas geralmente é terra que veio do sítio, terra de vasos velhos jogados na rua, terra de reforma de calçada encontrada em caçambas (Marcos me ajuda nisso). Terra qualquer, água e sol é tudo de que precisamos num primeiro momento. Planta de sombra ou de sol? Se sei, bem. Se não, coloco num canto do quintal e observo. Se é espécie muito rara, mesmo de matinhos, planto duas mudas e deixo uma em cada canto do quintal. Uma com sol da manhã, outra com o da tarde. Se uma planta começa a ficar estiolada já sei que precisa de mais sol. E assim vou tentando.  Como disse Peter Web, um papa da permacultura, num curso que fiz recentemente, é fácil conversar com as plantas, abraçar, ter bons pensamento em relação a ela, o difícil é ouvir as plantas. Tem que tentar.

Então, se quiser começar, não precisa complicar. Não tem vaso, faça suportes com jornal. Não tem ferramentas, qualquer pauzinho serve e nossas mãos foram feitas para plantar, pode ver - o dedo fura-bolo certamente é um dedo fura-terra. Não tem tempo agora? Jogue ou cuspa as sementes de qualquer jeito sobre a terra úmida que algumas vingarão - geralmente as mais resistentes. Ou coloque as sementes juntas num vaso e cubra com um pouco de terra - a mesma espessura da semente em camada de terra por cima. Se brotarem, passe para vasos individuais. Tenho vasos assim de grumixamas, jambos, gabirobas, jabuticabas etc. Se cada vaso tem em média 30 mudas, imagine o trabalho que tenho pela frente. Mas, acredite, é terapêutico. Depois é só transplantar para um lugar onde a planta tenha chance de evoluir. Se tudo der certo, você terá em algum momento flores para te alegrar e comida pra chamar de sua.  E, mais certo ainda, poderá deixar sua rua mais verde, o quintal dos seus amigos mais bonitos, as praças mais frescas, as terras desmatadas reflorestadas. Mas, vá lá, pode começar pequeno com uma jardineira e vai ver que vai ganhando gosto pela causa.

Tem coisa mais gostosa que você acordar e saber que alguma coisa diferente e boa pode ter acontecido durante a noite?  Todo dia, a primeira coisa prazerosa que gosto de fazer,  antes de tomar o café da manhã, é ir olhar o jardim para saber se aquela mudinha vingou, se um novo broto surgiu num galho de sabugueiro, se uma semente começou a inchar, se começou se desnovelar. É uma sensação indescritivelmente boa e que não custa nada.  E você ainda pode se sentir melhor ainda presenteando mudas.

Sementes na boca? cuspa já! E colha mais depois.

Fui jogando as sementes de abacate numa jardineira num local sombreado
Em pouco tempo a maioria germinou

E tive que arrumar trinta vasos para abacates e mangas

Isto é coisa que acontece da noite para o dia. Não é mágico?


Até os pinhões joguei na jardineira 

E logo tive que passá-los já brotados para vasinhos de jornal 
Galhos da roseira Carmencita que podei. Todas vingaram 


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