Cansei de falar de comida. A coisa tá ficando chata, glamourosa demais, conceitual além da conta, marqueteira a não mais poder e desmesuradamente cara. De hoje em diante vou falar de pássaros e bichos soltos e vivos.
É lógico, tudo isto é mentira, afinal um outro mundo é possível e eu não vou fugir da minha paixão. E é deste outro mundo alimentar que vou continuar falando. Da comida de que gosto, da comida que as pessoas comem em suas casas ou nos restaurantes de verdade, da comida gostosa que alimenta todas as fomes, desejos e sentidos. Vou falar da comida da Serra da Canastra amanhã, mas por hoje fique com a enrolação das fotos dos bichos de lá.
Se você vai pra Serra esperando silêncio, esqueça. Desde os primeiros raios de sol, é um imenso barulhinho bom de maritacas e curicacas, canarinhos, graveteiros e marias-pretas, siriemas e tucanos ao longe. Ao redor da casa, galos e galinhas ciscando, cachorros quase quietos sob ou sobre bancos, cobras em barrancos e, claro, bezerros apartados berrantes que colocam a gente cedinho de pé pra ir ao curral segurando nas mãos uma canequinha de café sobre a qual se espirra o leite espumoso e quente direto da fonte.
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Fubá, cachorrinho do Zé Mário aprendendo a descer do banco |
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Fubá, do Zé Mário e João Vitor, filho do Zé Pão e Romilda |