Chega uma hora que é a de voltar pra casa. Já estou naquele ponto em que não sei mais qual é meu melhor endereço. Se aqui em São Paulo ou no sítio em Piracaia. Fico triste de voltar, lá durmo tão bem. Depois re-acostumo. Também gosto daqui.
Só sei que esta foi a primeira vez que passei tanto tempo no sítio. Foram dez dias com apenas uma saída para uma piracaia na pousada da Helenice. Fora as caminhadas por perto, a ida à cachoeira e à represa. Durante este tempo nos encontramos com alguns vizinhos e avistamos alguns poucos carros na estrada. O silêncio fazia com que o canto dos pássaros fosse ensurdecedor. Mas dormíamos com eles, de modo que acordávamos muito cedo, junto com o sol e totalmente repousados, restabelecidos. Ficávamos trabalhando na terra até o sol se por, ou melhor, desaparecer por completo deixando atrás de si um véu de escuridão, pois às vezes quando entrávamos em casa o relógio já marcava nove. Dormimos pouco mas compactamente, como deve ser. Sem distrações como televisão ou internet. Apenas música. Marcos é um DJ incansável e não deixa uma só atividade sem trilha sonora, desta vez com overdose de Vitor Ramil, Jeneci e Mosca, que não me desagradam nem um pouco. Acordamos com música de maritaca, tico-tico e o farfalhar atabalhoado do tucano. Depois de uns três bocejos estávamos inteiros para apreciar a manhã, tomar café olhando a represa, levar susto com gato pulando no nosso ombro e às vezes (uma só vez) repousar com ele. Isto, sem querer dormir mais durante o dia e, o melhor indicativo de bom sono, sem olheiras. Internet havia, mas nem cheguei a abrir o laptop ou o tablet. Via alguns emails no celular à noite e me programei para responder apenas às urgências - que, felizmente, não houve. E assim, pudemos nos dedicar a plantar, colher, cozinhar e descansar a cachoça. Por isto, peço desculpas a falta de resposta nos comentários.
Marcos e meu cunhado Darly construiram um viveiro com sombrite ganhado dos amigos Juliana e Flores, de Holambra. Inauguramos o espaço com 300 vasos - com mudas se apertando dentro deles (assim sendo, umas 500 mudas, penso eu, loucas pra irem pra terra). Fora isto, fizemos replantios, podamos, mudamos plantas de lugar, multiplicamos espécies, lutamos com formigas, tiramos sapos do caminho, tiramos fotos de lagartas assustadoras, colocamos feijões pra secar ao sol e recolhemos ao escurecer, amarramos com arame o jirau do chuchu, conferimos o andamento da compostagem, guiamos as plantas trepadeiras, reparamos arames farpados etc. E os caseiros também.
No Natal teve pernil que tinha sido encomendado no supermercado da cidade, o Goyos. E para o ano novo fizemos javali que foi caçado ali mesmo nas redondezas por um vizinho - o danado vinha comendo toda a roça do homem que conseguiu caçar, abater e dividir com a vizinhança. Comemos com cuscuz que os amigos Carol e Rodrigo levaram. Na virada, nada de fogos de artifício. Para não dizer que passamos na obscuridade e isolamento, iluminamos o momento com o velho e bom bombril incendiado e amarrado a um arame que, girado com força, produz faíscas lindas. E também fizemos fogo de verdade com tochas de folhas secas de araucária, como homens da caverna querendo fazer parte do barulhento e iluminado reveillon que víamos e ouvíamos do outro lado da água. No fundo, não queríamos, não.
De resto, o milharal já tem milho pra comer refogado. Eu havia esquecido como é bom o milho tirado da palha e cozido na hora. O cheiro da palha se mantém nos grãos e não tem nada que ver com o milho que a gente compra já pelado. O pé de camapu (physalis), que ganhei da leitora Daniela, estava carregado e se beneficia do fato de ser ignorado pelas formigas. O mesmo se deu com os pés de acerola (também presentes da Daniela), que estavam apinhados de frutinhas verdes e vermelhas. Colhemos ainda alguns araçás vermelhos. E as goiabas estão por ficar prontas. As morangas estavam abóboras esparramadas pelo chão. O mandiocal está à toda, assim como as pimenteiras. O maracujá está lançando flores e frutos. Aliás, encontrei uma flor de maracujá branca no caminho da cachoeira. E nesta época há muitos moranguinhos silvestres na beira da estrada, onde também encontrei uma intrigante framboesa verde que, quando bem madura, continua verde amarelada e com sabor de uva.
E é isto, a vida continua, o Come-se também. Não ainda, pois amanhã vou pra Serra da Canastra visitar Dete, Zé Mario, Zé Pão, Romilda. Até a volta! E depois, seguimos a rotina.
Fique com algumas fotos que devem valer pelo registro (em breve voltarei a ter uma câmara decente - desde que deixei cair a máquina do bolso no vaso sanitário - prestes a ser usado -, tenho feito fotos com celular)
Só sei que esta foi a primeira vez que passei tanto tempo no sítio. Foram dez dias com apenas uma saída para uma piracaia na pousada da Helenice. Fora as caminhadas por perto, a ida à cachoeira e à represa. Durante este tempo nos encontramos com alguns vizinhos e avistamos alguns poucos carros na estrada. O silêncio fazia com que o canto dos pássaros fosse ensurdecedor. Mas dormíamos com eles, de modo que acordávamos muito cedo, junto com o sol e totalmente repousados, restabelecidos. Ficávamos trabalhando na terra até o sol se por, ou melhor, desaparecer por completo deixando atrás de si um véu de escuridão, pois às vezes quando entrávamos em casa o relógio já marcava nove. Dormimos pouco mas compactamente, como deve ser. Sem distrações como televisão ou internet. Apenas música. Marcos é um DJ incansável e não deixa uma só atividade sem trilha sonora, desta vez com overdose de Vitor Ramil, Jeneci e Mosca, que não me desagradam nem um pouco. Acordamos com música de maritaca, tico-tico e o farfalhar atabalhoado do tucano. Depois de uns três bocejos estávamos inteiros para apreciar a manhã, tomar café olhando a represa, levar susto com gato pulando no nosso ombro e às vezes (uma só vez) repousar com ele. Isto, sem querer dormir mais durante o dia e, o melhor indicativo de bom sono, sem olheiras. Internet havia, mas nem cheguei a abrir o laptop ou o tablet. Via alguns emails no celular à noite e me programei para responder apenas às urgências - que, felizmente, não houve. E assim, pudemos nos dedicar a plantar, colher, cozinhar e descansar a cachoça. Por isto, peço desculpas a falta de resposta nos comentários.
Marcos e meu cunhado Darly construiram um viveiro com sombrite ganhado dos amigos Juliana e Flores, de Holambra. Inauguramos o espaço com 300 vasos - com mudas se apertando dentro deles (assim sendo, umas 500 mudas, penso eu, loucas pra irem pra terra). Fora isto, fizemos replantios, podamos, mudamos plantas de lugar, multiplicamos espécies, lutamos com formigas, tiramos sapos do caminho, tiramos fotos de lagartas assustadoras, colocamos feijões pra secar ao sol e recolhemos ao escurecer, amarramos com arame o jirau do chuchu, conferimos o andamento da compostagem, guiamos as plantas trepadeiras, reparamos arames farpados etc. E os caseiros também.
No Natal teve pernil que tinha sido encomendado no supermercado da cidade, o Goyos. E para o ano novo fizemos javali que foi caçado ali mesmo nas redondezas por um vizinho - o danado vinha comendo toda a roça do homem que conseguiu caçar, abater e dividir com a vizinhança. Comemos com cuscuz que os amigos Carol e Rodrigo levaram. Na virada, nada de fogos de artifício. Para não dizer que passamos na obscuridade e isolamento, iluminamos o momento com o velho e bom bombril incendiado e amarrado a um arame que, girado com força, produz faíscas lindas. E também fizemos fogo de verdade com tochas de folhas secas de araucária, como homens da caverna querendo fazer parte do barulhento e iluminado reveillon que víamos e ouvíamos do outro lado da água. No fundo, não queríamos, não.
De resto, o milharal já tem milho pra comer refogado. Eu havia esquecido como é bom o milho tirado da palha e cozido na hora. O cheiro da palha se mantém nos grãos e não tem nada que ver com o milho que a gente compra já pelado. O pé de camapu (physalis), que ganhei da leitora Daniela, estava carregado e se beneficia do fato de ser ignorado pelas formigas. O mesmo se deu com os pés de acerola (também presentes da Daniela), que estavam apinhados de frutinhas verdes e vermelhas. Colhemos ainda alguns araçás vermelhos. E as goiabas estão por ficar prontas. As morangas estavam abóboras esparramadas pelo chão. O mandiocal está à toda, assim como as pimenteiras. O maracujá está lançando flores e frutos. Aliás, encontrei uma flor de maracujá branca no caminho da cachoeira. E nesta época há muitos moranguinhos silvestres na beira da estrada, onde também encontrei uma intrigante framboesa verde que, quando bem madura, continua verde amarelada e com sabor de uva.
E é isto, a vida continua, o Come-se também. Não ainda, pois amanhã vou pra Serra da Canastra visitar Dete, Zé Mario, Zé Pão, Romilda. Até a volta! E depois, seguimos a rotina.
Fique com algumas fotos que devem valer pelo registro (em breve voltarei a ter uma câmara decente - desde que deixei cair a máquina do bolso no vaso sanitário - prestes a ser usado -, tenho feito fotos com celular)
Morangas maduras |
Bolinho de chuva num dia de chuva, feito pela Ananda |
Biju não comeu o ninho. Os feijões serão replantados |
Quatro tipos de feijões secando. Mais dois serão colhidos |
Araçás e acerolas |
A Tapioca some, mas Biju está sempre com a gente |
Mandiocal e couves |
Os milhos colhidos |
A multidão éramos nós |
Vários deles estão sempre por perto. Lindos! |
Camapus |
Lulo. As folhas estão maior que meu antebraço |
Biju pula na gente e dorme no ombro |
Marcos terminando o viveiro |
A flor de maracujá do mato |
Lagarta que queima |
Fogo que arde; Feliz Ano Novo! |