Os pratos acima são só para você não se esquecer que este ainda continua sendo um blog de comida. Mas como já registrei aqui vários passos importantes da menina, faço-o novamente. Falar dela a cada dois ou três anos está de bom tamanho, não?
Hoje fomos, Marcos e eu, comemorar novo motivo de orgulho no restaurante Jiquitaia, do qual já falei na semana passada. Só nós, pais corujas, e comemos deliciosamente - eu, feijão tropeiro, Marcos, peixe -, brindamos, mandamos fotos para a filha e dissemos: estamos comendo esta comida deliciosa em sua homenagem. Resposta: carinha com boca invertida, snif. Ananda continuou trabalhando depois do encerramento da cerimônia de "formatura" da residência. Hoje o jantar para os pais será coletivo, mas refeições e viagens sem ela neste tempo todo foram várias. Almoços importantes, reveillon, festas, feriados, aniversários, várias datas foram passadas sem ela, que estava sempre trabalhando de dia ou de noite, às vezes de dia-e-de-noite. Vida dura esta de médico.
Há aqueles que são bons generalistas de nascença e os que nasceram para ser especialistas em alguma coisa. Eu, por exemplo, sou especialista em generalidades. Jamais seria uma especialista porque ora me interesso por matos da rua, ora quero saber sobre a bioquímica da curcumina. Já Ananda cisma com uma coisa e estuda a fundo, por isto agora entende quase tudo (sempre há o que aprender) de nariz, ouvido e garganta. Como o pai, formou-se em otorrinolaringologista. E gosta de fazer cirurgias (eu desmaio só de pensar em sangue), faz bem. E depois do jantar, mostra para o pai tomografias de pacientes, vêem juntos vídeos de cirurgias, discutem casos. Bonito de ver.
E tudo bem que ela mal tem tempo para cozinhar ou falar de comida, minhas paixões. Mas gosta dos restaurantes que gosto, um alento. E pelo menos já acerta todos o que é, o que é, o que me deixa feliz. Mas quando penso que vou ter minha filha mais perto de mim, fico sabendo que foi convidada para ser preceptora (chefe dos residentes) no mesmo departamento de otorrino do HC, no ano que vem. Ou seja, mais almoços sem ela, mais saudade e mais vontade de podermos voltar a cozinhar juntas. Um dia, quem sabe... Tudo por uma causa justa.
Ela era uma bebê séria (e meio careca, analfabeta e banguela) |
E virou uma séria médica, sabida e sorridente |