Pronto, estou voltando. Antes, porém, aqui está a coluna de hoje do Caderno Paladar. Lá no blog do Paladar, também.
Já falei inúmeras vezes no Come-se desta verdura dadivosa, mas não custa reforçar para os que chegam. E o legal é que a planta é de graça. Você planta numa praça, no seu jardim, na chácara do seu tio, e nunca mais ficará sem alimento.
Como diz o Jeneci, o melhor da vida é de graça. Mesmo assim, muita gente não quer. Prova disso é que numa das últimas podas que fiz fiquei (como sempre) com dó de jogar fora galhos vingadouros. Fiz várias mudas pra levar pro sítio, mas ainda sobrou pra dar. Então, o que fiz foi limpar os galhos, tirar o máximo possível dos espinhos e deixá-los prontos pra plantar. O problema? Não tinha a quem dar. Decidi, então, deixar na calçada, por onde passam muitas pessoas, junto a um cartaz com o nome e orientações, para que pegassem. Minha surpresa? Ninguém curtiu. Ô gente desconfiada. Plantei tudo por aí.
Já falei inúmeras vezes no Come-se desta verdura dadivosa, mas não custa reforçar para os que chegam. E o legal é que a planta é de graça. Você planta numa praça, no seu jardim, na chácara do seu tio, e nunca mais ficará sem alimento.
Como diz o Jeneci, o melhor da vida é de graça. Mesmo assim, muita gente não quer. Prova disso é que numa das últimas podas que fiz fiquei (como sempre) com dó de jogar fora galhos vingadouros. Fiz várias mudas pra levar pro sítio, mas ainda sobrou pra dar. Então, o que fiz foi limpar os galhos, tirar o máximo possível dos espinhos e deixá-los prontos pra plantar. O problema? Não tinha a quem dar. Decidi, então, deixar na calçada, por onde passam muitas pessoas, junto a um cartaz com o nome e orientações, para que pegassem. Minha surpresa? Ninguém curtiu. Ô gente desconfiada. Plantei tudo por aí.
O texto para o caderno Paladar:
São tantas coisas para dizer sobre a Pereskia aculeata, mas o principal é que suas folhas são gostosas, nutritivas e fartas. É só a chuva dar sinal e novos rebentos em abundância vêm se juntar ao mar de folhas verdes, como um caviar num berço de espinhos – ou melhor, acúleos, o que na arte de espetação dos dedos dá no mesmo. Estes brotos com espinhos ainda moles são avermelhados, delicados e deliciosos. Outra iguaria produzida pela planta, mais comum em climas quentes, é o fruto, que em inglês é chamado de barbados gooseberry e se presta para o feitio de geleias. Sem falar nas flores atraentes e super melíferas. Tudo isto faz desta planta uma verdadeira fábrica de alimento.
Para a nossa sorte, este cacto originário da América tropical é um dos mais primitivos, afinal os evoluídos perderam as folhas ou as tem atrofiadas. Se o clima não é tão quente, ele continua com suas folhas o ano todo e elas são do tamanho das de laranjeira ou até maiores. São gordinhas, de um verde escuro brilhante e, como características de sabor, não têm picância, acidez, pungência ou amargor, que costumam ser determinantes para a rejeição de certos alimentos. No caso destas folhas, a única falha de caráter, na opinião de alguns, é a mucilagem como a do quiabo – por isto é chamada também de quiabenta. Mas o que seria seu defeito a torna agradável à mastigação - crocante e úmida quando crua, macia e escorregadia quando cozida. Qualquer criança come e quer mais, não só pelo sabor, mas pela sensação. Aliás, crianças deveriam mesmo comer ora-pro-nobis com angu de fubá, uma combinação tradicional e perfeita, já que as folhas são ricas em lisina, um aminoácido que falta na proteína do milho e é essencial para o crescimento ósseo.
Em Sabará, Minas Gerais, onde o frango com quiabo é um clássico, há até uma festa dedicada à verdura, que pode ser apreciada em pratos salgados de toda natureza: omeletes, sopas, recheios, cremes, saladas, massas etc. Agora, basta ter umas folhinhas nas mãos que a gente fica imaginando usos.
Ultimamente a planta tem despertado interesse de pesquisadores de todo o país por suas propriedades nutricionais e terapêuticas comprovadas. Além de ter mais proteína e ferro que a maioria dos outros vegetais de folhas, sua mucilagem é rica em arabinogalactana, um biopolímero com fama de lubrificar e proteger a mucosa do estômago.
Só para que saiba, caso tropece nos seus ramos espinhosos por aí, a propagação da planta se dá facilmente por estaquia. É só espetar um pedaço do galho na terra. Se tiver onde plantar, basta cuidar para que não cresça desordenadamente formando uma barreira de espinhos intransponíveis, e terá comida o ano todo. Em certos países, ora-pro-nobis é praga. Sorte que aqui a gente cozinha e nhac.
BOLO DE ABÓBORA COM ORA-PRO-NOBIS
5 ovos
400 g de abóbora madura crua
200 g de mandioca crua
50 g de manteiga
1 colher (chá) de fermento químico em pó
1 colher (chá) de sal
100 g de queijo meia cura ralado
40 folhas de ora-pro-nobis lavadas e secas
Bata no liquidificador os ovos com a abóbora picada em cubos. Junte aos poucos a mandioca picada. Bata bem até formar um creme homogêneo. Junte a manteiga, o fermento e o sal e bata para misturar. Passe a massa para uma tigela e junte o queijo (reservando cerca de ¼ para polvilhar). Unte duas formas de bolo inglês, distribua entre eles a massa, alternando com folhas de ora-pro-nobis, formando camadas. A massa deve ficar baixa na forma – por isto o uso de duas formas. Polvilhe com o queijo ralado reservado e leve ao forno para assar em temperatura média por cerca de 30 minutos ou até dourar. Espere esfriar, desenforme e sirva frio ou gelado com salada de brotos de ora-pro-nobis com outras folhas verdes (algumas folhas de ora-pro-nobis podem ser batidas juntos com o vinagrete).
Rende: 20 fatias (cerca de 8 porções)
Nota: se quiser comer as fatias reaquecidas, polvilhe queijo ralado sobre sobre os lados cortados e doure dos dois lados em frigideira antiaderente.