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Muito Além do Peso

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Vários amigos e leitores me mandaram o link. Assim, acho que a maioria dos leitores do Come-se já deve ter visto. Fui deixando pra ver depois, com tempo, espichada no sofá, e nunca deu. Mas ontem minha filha Ananda me mandou e hoje tive que fazer um repouso forçado. Tudo a calhar e finalmente vi o documentário que mostra crianças obesas com problemas derivados do excesso de peso e as principais causas. Se você não tá nem aí porque não tem crianças, veja porque ainda poderá tê-los. Ou tê-los por perto. Afinal, tem seus sobrinhos, filhos das primas, dos amigos. Se só tem filhos adultos, poderá ajudar seus netos. Se já passou para os segundo tempo, lembre-se que estas crianças serão os adultos que cuidarão da sua saúde. E, de qualquer forma, se já viu, grave e divulgue.

Observe a mãe de uma menina gordinha que já trabalhou no Mac Donald e a analogia que ela faz com o viciado. Ananda também fez uma analogia na cena das criancinhas na zoológico, se não me engano, todas com seus sacos de salgadinhos e rostinhos desfigurados pela edição para proteger suas identidades - juntas,  parecem uma turminha de pivetes viciados em cola (hoje substituída pelo crack). É bem triste. Veja ainda sobre o papel dos sugar drinks, coca-colas, pseudos sucos de frutas, sucos de pozinhos e a quantidade de açúcar que estas bebidas contem (os de pozinho tem adoçantes artificiais, isto o filme não mostra, mas a gente sabe). E repare que ninguém mais mata a sede com água, mesmo nos lugares mais isolados. Mas também veja o sucesso que é o barcão da Nestlé navegando por águas nunca ou quase nunca antes navegadas (por serviços essenciais como de saúde e saneamento básico...). Levam produtos básicos e indispensáveis para vender em Breves, no Pará, por exemplo: chocolate, salgadinhos, suquinhos, porcariazinhas. E o Mac Donalds fazendo brincadeiras na escola? E os presentes para as crianças associados a alimentos viciantes? Sorte que pelo menos a mãe do pica-pau morreu! (segundo um menininho, a polícia matou). Veja ainda a opinião de especialistas que falam da concorrência dificil que os pais têm que enfrentar. Publicitários ardilosos, televisão gananciosa, e indústrias poderosas.

O documentário da diretora Estela Renner, trata de assunto de peso de forma leve, mas instrutiva. Mostra cenas comoventes em todo o Brasil de pais que amam seus filhos, mas estão perdendo para a concorrência que quer vê-los adictos, fieis. Nossas crianças estão obesas, cansadas, sedentárias, diabéticas, hipertensas, com dores nos joelhos. Nossas crianças envelheceram. Vamos ficar de braços cruzados? Que legado estamos deixando para elas, tão indefesas? 

Eu já vi esta novela antes,  por todos os cantos por onde passei. No Senegal, os outdoors da Nestlé e outras corporações são vergonhosos, constrangedores. Crianças e adultos senegaleses não tomam café coado, por exemplo. Tomam nescafé, nas cidades e nas aldeias. O tempero tradicional não existe sem cubo Maggi, por exemplo. E o suco de baobá natural leva suco em pó para incrementar (certamente uma daquelas receitas de rótulo ensinando a usar o produto em receitas naturais, para deixá-la mais bombada). E aqui, como mostra o filme,  temos de crianças tomando mamadeira de coca-cola a cacique ensinando a preparar miojo. No alto Xingu os índios estão hipertensos pelo consumo de alimentos industrializados. Nas periferias, pais e filhos estão gordos, pois refrigerante, biscoito recheado, sorvetes e outros engordativos são baratos. 

Mas uma experiência em Acrelândia, PA, onde uma turma de pós graduandos em nutrição e eu fizemos oficinas, foi bastante animadora (se quiser saber, é só digitar Acrelândia aí no campo de buscas, pois tem muita postagem a respeito, o mesmo para Senegal). Observamos que o que falta para detonar a concorrência é regular a propaganda, mas também investir pesado em campanhas de educação nutricional nas escolas e em outros agrupamentos infantis. E não precisa de muito dinheiro, não. É só incluir piqueniques nas aulas de artes, ciências, matemática etc. O alunos de uma escola rural adoraram comer frutas, legumes e pratos feitos pelas mães. Ficaram empolgados com a mesa colorida. Não sobrou nada e até a tigela com salada de pepino foi raspada. Então, vamos tentar.






O legal deste filme é que você pode baixar e montar sua própria exibição na sua igreja, na sua comunidade, entre seus amigos. Vá lá ao site oficial do documentário:
http://www.muitoalemdopeso.com.br/index.html

Queijos de leite cru de Piracaia

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Piracaia fica na Serra da Mantiqueira, quase minas. E seus moradores são quase mineiros, falam uai e recebem bem. Tenho tido uma surpresa atrás da outra por lá ao comprar queijos. No supermercado Goyos (que insisto em chamar de Goya) já comprei um queijo meia cura delicioso feito num laticínio que ainda não consegui visitar. Embora seja de leite pasteurizado, ele se conserva bem fora da geladeira e sua textura cremosa vai ficando firme, lisa. 

Mas nada como um bom queijo feito de leite cru, feito em quase toda propriedade rural que tem lá umas vaquinhas. Ninguém vai ferver uma panelada de leite para fazer queijo. E eles são ótimos.  Um dia meu vizinho entrou na nossa chácara com o carro, oferecendo um queijinho. Achei que era uma brincadeira, pois nunca tinha visto o homem, ele abriu a porteira e subiu com o carro. Ele se apresentou, era o Fernando. Disse que tinha umas vaquinhas (além do eucalipal vizinho), tirava leite, fazia uns queijinhos. Comprei e gostei, fresquíssimo. Mas queria deixar maturar. Aquele estava tão bom que comemos rapidamente. Depois encomendei leite, não tinha dinheiro trocado, ele veio a cavalo no outro final de semana receber seus três reais pelos dois litros. Apareceu montado, com seus cachorros em volta, causando o maior alvoroço na Dendê, que nunca tinha visto bicho tão grande. E eu, nunca esperava receber visitas que chegassem pelo mato de trás de casa. Mas é um meio de ele cortar caminho, já que sua casa fica mais ou menos a um quilômetro. Este é o meu vizinho mais próximo. Resolvemos ir visitá-los, conhecer as vacas, o lugar onde o queijo era feito. Nice, sua mulher, nos contou que fazem pouco queijo, e não cheguei a ver a casinha que no momento não estava sendo usada, mas vi que criam porcos caipiras, soltos. E galinhas para o gasto. Nice não gosta de frango caipira, prefere os de granja, e ovos também. Diz que nem faz ninho para as galinhas, que botam no mato mesmo, que os porcos comem. Ô inveja! Pra gente da cidade, isto é quase uma ofensa, tão ansiosos por ovos caipiras de gema laranja. E eles têm cabras também, criadas soltas. Quem cuida, quem tira leite, quem vende o bicho, é o menino único, Diego, de 11 anos. Mas ninguém gosta do leite de cabra, não. Dão pros porcos. Eita porcos!  Mas pelo menos carne de porco, alimentado a pasto, ovos e leite de cabra,  agora sei que vou ter, pois de vez em quanto matam um. Saímos de lá com mais queijo, que este queria deixar maturar. Foi difícil resistir, mas valeu a pena. Não é espremido como vi fazerem na Serra da Canastra,  mas deixei escorrer bem o soro, apertei mais, e deixei naquela caixinha improvisada, lá em Piracaia. Com 15 dias, ele estava ótimo. Criou um mofinho branco por cima, o que me fez acreditar que, com mais tempo, poderá parecer um camembert, quem sabe? O sabor ainda é suave e a textura, um pouco furada, é muito boa. Da próxima vez vou querer mais, para deixar alguns por mais tempo maturando. 

E naquele dia em que comemos no boteco aisbaiano (pronto, já batizei), que fica exatamente no km 6 da estrada do Pião, ficamos sabendo do mineiro que faz o melhor queijo da região. Fica logo ali, vizinho. É no sítio do vovô. Seu Alcir não é o vovô nem o dono daqueles seis alqueires, mas arrenda a terra para dar pastagem às suas vinte vaquinhas que chama pelos nomes. Ele nos mostrou onde o queijo é feito - na sua própria cozinha, que estava limpa, organizada. Faz poucos queijinhos, que vende na cidade e no boteco do Seu João - que vende a 10 reais, o mesmo preço do Seu Alcir. Compramos um dele e queríamos comprar outro no próprio sítio, mas não tinha nenhum no momento. Não sobra, diz seu Alcir, todo mundo quer. Sorte que já tínhamos um garantido. Mas, conversa vai, conversa vem - e o mineiro gosta de prosear, falei que gostaria de ter o queijo maturado. Ele diz que todo mundo prefere o fresco, mas que se deixar até na geladeira, ele madura. Nisto, me mostrou um que estava lá esquecido na geladeira, que ninguém queria, que o povo ali gostava era do fresco mesmo - nada mineiro isto! Perguntei se ele não me vendia aquele, que estava lindo, amarelinho, ligeiramente abaulado como um mini queijo suíço, já que ninguém queria.  Disse que não, cruz credo, imagine vender um queijo ali esquecido, que me dava de graça, assim eu não ia voltar pra reclamar depois caso não prestasse. Não adiantou insistir. Levei o queijinho de graça e ainda um monte de mangas que estavam se perdendo no pé e ele fez questão de nos dar. "Uai, é até bom que oceis levem daqui, porque cai tudo no chão, e fica uma moscarada. Ontem foi bom que caiu uma chuvarada, sô, que a enxurrada varreu pro córguinho toda a mangada que azedava aí no chão".  Os dois, o fresco e o curado, estavam divinos de bom. Queria fazer receitas, ver como derretem, mas levei ao piquenique e todos gostaram muito.  Pergunte se sobrou alguma migaia. 

O grande, do Fernando vizinho e os outros dois, fresco e curado, do Seu Alcir

Quiabos recheados com farinha de feijão

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Ainda não colhi muitos quiabos em Piracaia, mas os poucos que consegui, resolvi fazê-los recheados à moda indiana. Claro, inspiração cheia de liberdades. O farinha de feijão original é de variedade diferente daquela que encontramos aqui feita de feijão fradinho para acarajé. Mas não deve ser muito diferente o resultado. Encontro esta farinha com facilidade no Mercado da Lapa, em caixinha ou a granel. Já mostrei a mesma aqui, no acarajé, e naqueles bolinhos no vapor.   
Os quiabos são abertos, recheados com uma mistura de feijão e temperos e depois fritos em óleo temperado com sementes de cominho e de mostarda. Podem ser servidos com molho, puros ou decorados com folhas de coentro e coco ralado. Se você procurar no google stuffed okra ou bhindi massala, vai encontrar uma infinidade de variações. Há até os feitos com outras farinhas, nozes, amendoins,  e versões assadas, como esta. Vá direito ao google imagens e escolha pela aparência. Posso dizer que ficam deliciosos desde que os quiabos estejam bem tenros. Podem ser servidos com arroz, carne ou como aperitivo para acompanhar cervejas (ladies finger como finger foods). Bem, a minha versão ficou assim: 



Quiabos recheados com farinha de feijão 

Lave bem 250 g de quiabos tenros. Corte as extremidades e faça um corte no meio. Reserve. À parte, misture 3 colheres (sopa) de farinha de feijão fradinho (para acarajé) com suco de 1 limão taiti, 1 colher (chá) de cúrcuma em pó (açafrão-da-terra), 1 colher (chá) de pimenta ardida em flocos ou fresca (dedo-de-moça) picada a gosto, 1/2 colher (chá) de açúcar e sal a gosto. Misture para formar uma pasta. Se precisar,  junte um pouco de água. Tem que ficar com consistência de pasta para recheio. Recheie os quiabos, pressionando a pasta nos cortes, como pode ver na foto. Numa wok ou frigideira grande, aqueça 2  colheres (sopa) de óleo e junte 1 colher (chá) de sementes de mostarda marrom, 1/2 colher (chá) de cúrcuma em pó e, opcionalmente, 1 pitada de assafétida. Acrescente os quiabos cuidadosamente e tampe a frigideira. Deixe cozinhar em fogo baixo até que estejam cozidos, ligeiramente dourados e com o recheio firme. Se quiser, decore com coco ralado e folhas de coentro. Eu não quis. 

Sugestão: imagino que fiquem gostosos também se fritos no dendê e talvez com um pouco de camarão seco socado misturado ao recheio.  E se quiser fazer render os quiabos, é só cortá-los ao meio e fazer metade quiabo, metade recheio, como fiz nesta versão aí embaixo.  E nhac! 



Fruta do milagre. Coluna do Paladar. Edição de 07/02/2013

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Primeiro contato. Foto: Neide Rigo

Tem coluna Nhac da Neide hoje no Paladar. Veja lá no jornal impresso ou no blog. Em todo caso, reproduzo aqui também. Uma coisa que não coloquei no texto porque só agora aconteceu: todas as sementes germinaram! 
As sementes germinaram todas. Foto: Neide Rigo


Esta frutinha é um barato!

  • 6 de fevereiro de 2013|
  •  
  • 20h54|
    Por Neide Rigo
As “flavour tripping parties” surgiram em Nova York. Eram festas com o único propósito de oferecer uma viagem aos convidados: cada um recebia sua baga vermelha na entrada e podia provar – à vontade – os ácidos oferecidos em bandejas, experimentando distorções profundas na percepção da realidade.
Demorou um pouco, mas agora já temos oferta de bom produto nacional e festas particulares à luz do dia começam a surgir por aqui também. A coisa é bem menos psicodélica do que parece: estamos falando de uma fruta. Com o infeliz nome de fruta do milagre. Porque não acredito em milagres, nunca levei muito a sério o fenômeno. Puro preconceito semântico.
‘Que diabo é isto?’A superfruta distorce a realidade gustativa, mas numa experiência divertida que se pode compartilhar. FOTO: Filipe Araújo/Estadão
Veja como fui vencida pela superfruta: há pouco tempo, em visita ao meu viveiro preferido, o Ciprest, em Limeira, o dono, Edilson, mostrou-me a planta (que naquele momento estava sem frutos) e falou tanto de seu poder transformador – faz um limão espremido virar doce limonada – que me deixou curiosa. Trouxe um vaso pra casa.
Bagas vermelhas
O primeiro fruto a vingar, do tamanho de uma azeitona pequena, foi uma alegria. Não fiquei um só dia sem vigiá-lo até que perdesse a cor verde. Com medo de que passarinhos me roubassem, durante uma viagem de fim de semana levei o vaso comigo como um cachorro na coleira. Edilson havia me assustado dizendo que o efeito milagroso só resistia poucas horas depois de colhidos os frutos vermelhos.
Deixei a única baga cair de madura e imediatamente peguei a frutinha e improvisei uma degustação com alimentos ácidos como limão – claro, tem que ter –, laranja, vinho e vinagre. E também os pungentes ou amargos como cebola, cerveja, vermute, boldo e carqueja. Pois a informação que tinha era que ela modificava também os amargos.
Dividi a fruta ao meio, uma metade para mim e outra para meu marido, pois o bom da experiência é compartilhar as sensações. A minha metade coloquei na boca e fui chupando como bala a polpa exígua e mucilaginosa, espalhando por toda a mucosa.
Depois de um minuto, desprezei a semente. O gosto na língua era nenhum. A fruta tem gosto de dedo, ou, com mais complacência, lembra o fruto maduro do café catuai, com uma leve doçura, nada de acidez ou amargor.
Em seguida, com uma careta aprendida de experiências passadas, que logo seria desfeita, metemos o limão na boca ao mesmo tempo para exclamar, ao mesmo tempo: “Uau, meu Deus, que diabo é isto?” – e cair na risada ao sentir na boca o limão com gosto de laranja doce.
Depois, comprovamos a doçura em todos os outros azedos. Já com o amargo da carqueja e do boldo, não teve milagre que o fizesse doce. Os amargos continuam amargos.
Laboratório gustativo
 A segunda experiência foi com fruta mais velha, trazida de Holambra pela amiga Juliana Valentini, também proprietária de um vaso. O efeito persistia mesmo com a fruta de três dias. E depois a experiência foi repetida com frutas mais velhas ainda, compradas no atacado de frutas da Ceagesp, na Frutícola Trindade, onde trabalha o Seu Makoto. De novo o poder se manteve e durou ainda três horas.
Provei outros sabores como vermute, cerveja, dois tipos de limão, laranja-baía, maracujá do mato, maçã verde e outros verdes do quintal, como almeirão, menta e folhas de uva. O vermute e a cerveja ficam horríveis, a laranja ganha mais doçura até ficar enjoativa, o limão parece laranja, o maracujá passa a ser mais equilibrado. Na folha de hortelã o amargor e a picância ganham relevância, e a ácida folha de videira ganha sabor doce inusitado para verduras.
A conclusão, fato comprovado por pesquisas, é que se a fruta for conservada na geladeira, ou mesmo se for congelada, manterá a peculiaridade – o efeito da miraculina. E a persistência na boca de seus poderes mágicos vai depender da concentração e tempo de exposição.
A harmonia é importante
A miraculina é o exemplo máximo de interação entre substâncias ingeridas, mas em pequenas proporções isso deve acontecer a todo momento na nossa boca (experimente comer salada de almeirão e tomar cerveja). E isso de certa forma reforça a ideia de que, fora as afetações, devemos levar mais a sério as harmonizações de vinho com comida, por exemplo.
E é realmente um sonho para um diabético poder tomar um copo cheio de limonada com sensação de doçura comparável a uma solução com até 17% de sacarose sem se preocupar com os efeitos colaterais de adoçantes sintéticos. E, talvez também para quem faz quimioterapia e sinta um gosto metálico na boca, essa fruta seja um bom disfarce e funcione como estimulante de apetite.
Agora, aqueles que querem apenas brincar com o novo repertório de sabores, não se animem muito a comer alimentos ácidos à exaustão pelo simples fato de percebê-los doces. Saiba que a acidez não é anulada e os efeitos colaterais continuarão existindo – como enjoo, danos à mucosa ou erosão no esmalte dos dentes. E só mais um alerta: embora o queijo possa parecer recheio de cheese cake, o limão se finja de laranja e a maçã verde ganhe gosto de fuji, lembre-se que alegria maior é saber que o mundo agridoce é passageiro e você pode voltar a ver e sentir as coisas como realmente são. Afinal, não vai querer outro sabor para sua cerveja ou vinho favoritos, vai?

Contra azedina, dá-lhe miraculina

  • 6 de fevereiro de 2013|
  •  
  • 20h53|

Ela é conhecida internacionalmente como “miracle fruit” e vem da África Tropical. Mas talvez fruta mágica fosse um nome mais apropriado, pois tudo isso é um truque da miraculina, uma glicoproteína desvendada pela ciência na década de 1970.
Para fazer efeito, a substância não pode estar misturada ao alimento e não resiste ao aquecimento, o que impõe limitações ao uso. Uma única fruta produz sensação de doçura em vários alimentos num espaço de tempo que vai de 30 minutos a 3 horas.
Teste do milagre. Ela adoçou todos os azedos, mas contra o amargo da carqueja e do boldo não houve mágica que desse jeito. FOTO: Filipe Araújo/Estadão
No Japão, onde a miraculina é liberada e há tabletes feitos com o pó da fruta, pesquisadores desenvolveram até uma alface geneticamente modificada com alto teor da substância.
O mecanismo de ação da miraculina ainda é alvo de estudos, mas o que se sabe é que alimentos ácidos são percebidos como doces. Não é exatamente que o ácido se transforme em doce ou que nossas papilas sejam enganadas, nem que o suco de limão deixe de ter o Ph ácido de sempre. É simplesmente porque a miraculina permanece em nossa mucosa durante algum tempo e funciona como adoçante instantâneo e involuntário para todo alimento ácido que chegue perto.
Agora, se a fruta é tão incrível assim, se seu consumo é seguro, por que a indústria alimentícia não a usa em produtos dietéticos? Já houve essa tentativa, nos EUA. Mas a história, que tem ares de suspense policial, terminou quando o FDA (Food and Drug Administration), em 1974 classificou a substância como aditivo alimentar, exigindo, portanto, uma lista de provas de segurança que a empresa interessada não teve como atender.

ONDE COMPRAR
Frutícola Trindade (ou box do Makoto)
Av. Dr. Gastão Vidigal, 1.946, Vila Leopoldina (Ceagesp),
portão 1, pavilhão MFE-B,
módulos 58 e 59.
Tel.:             (11) 3643-8776      
Ciprest
Tel.:             (19) 3451-5824      ;
www.ciprest.com.br

Livre-se dos picões do seu jardim. Coma-os. Ou sopa de inhame com picão

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Muita gente só conhece o picão (Bidens pilosa) por causa do incômodo daquelas agulhinhas pretas dentadas, que grudam na nossa roupa quando andamos no mato,  pedindo pelamordedeus pra levarmos sua raça pra outro canto. Obedientes, nos sentamos numa cadeira, longe do ataque, e vamos tirando agulha por agulha e jogando-as no chão. Assim, ajudamos a perpetuar a espécie. Tão mal tratada, tão negligenciada, ela precisava de algum recurso para se multiplicar por aí afinal. E como aprendeu isto bem.  É uma das principais pragas no mundo tropical, só reproduzindo o que dizem dela por aí. Mas veja bem, sabendo que o picão é comestível e gostoso, assim como várias plantas do gênero Bidens
(Bidens bipinnata, Bidens frondosa, Bidens odorata, Bidens parvifolia, Bidens tripartita e Bidens laevis), se fosse vista com olhares complacentes e gulosos, poucas chegariam à fase adulta para dar  flores, essenciais para abelhas, diga-se,  e frutos (ou aquênios, as agulhas pretas), pois as folhas mais jovens são as melhores para se comer. E, claro, a população (de picões, gentes e borboletas) estaria salva e sob controle. 


A planta é nutritiva, tem boa quantidade de ferro, cálcio e pró-vitamina A, além de ser, como todas as verduras, rica em fibras, pobre em calorias e gorduras. Na medicina popular entre os índios da Amazônia é tida como remédio para angina, diabetes, disenteria, aftosa, hepatite, laringite etc.  E muitos estudos farmacológicos recentes feitos mundo afora já comprovaram algumas propriedades. É, por exemplo, hepato-protetora e seu extrato mostrou-se inibidor da síntese de prostaglandina, ligada a dores de cabeça e doenças inflamatórias e isto não é pouca coisa. Se além de tudo isto, ainda é gostosa, por que não comemos mais picões que crescem livremente em jardins, roças e pomares? Tão rústico, não precisa de adubos nem de defensivos. Tão diferente daquelas alfaces frágeis que passam o diabo pra chegarem íntegras à nossa mesa. 

Bem, acho que você não vai ter problemas para reconhecer um pé de picão no jardim. Mas se acontecer alguma confusão, certamente estará diante de uma outra espécie, Bidens alba, também comestível, ainda mais gostosa, dizem.  A planta é mais alta e as flores se parecem com mini-margaridinhas, com pequenas pétalas brancas e caules mais claros que os da B.pilosa que tem coloração ligeiramente arroxeada. Ainda não a descobri aqui no meu bairro.  De qualquer forma, o picão-preto, de flores amarelas fechadinhas e carrapicho,  é fácil de encontrar. Responde também pelos nomes de amor-seco, carrapicho-de-agulha, fura-capa, guambu, macela-do-campo, picão-das-horas entre outras. 

Só uma coisa, não é bom comer crua pois podem ter saponinas -  outras plantas comestíveis também tem. Em excesso, estas substâncias podem ser irritantes para a mucosa intestinal. Use a erva em cozidos ou afervente com água e sal antes, mesmo porque ela é um pouco firme e precisa de alguns minutos de cozimento para que fique macia. O sabor é algo como folhas de cenoura, jambu e espinafre. 

Então, fica aqui a dica. Depois de pular bastante e beber todas, enfie a cara numa tigela de sopa quente,  apimentada, revigorante e hepatoprotetora. Sopa, no calor? Bem, lembre-se que o prognóstico climático para os próximos dias não é muito animador (para mim, lá em Piracaia, vou adorar uma chuvinha) e uma sopa assim pode cair melhor que uma salada, sem, claro, querer aguar sua empolgação carnavalesca. Boa folia e até quinta! 

Sopa de inhame com picão 


Primeiro, saia à caça de picões. Vai encontrá-los numa calçada mais rústica ou num terreno abandonado. É época deles. Separe as folhas mais tenras, que rendam mais ou menos duas xícaras de chá. Lave bem, escorra e reserve. Faça um caldo de galinha com carcaça, dentes de alho, galhos de salsa, feno-grego, grãos de coentro, cúrcuma e pimenta (ou faça do seu jeito). Cozinhe um taro (inhame) e pique em cubos. Coe e desengordure o caldo. Coloque 1 colher (sopa) desta gordura numa panela com um dente de alho picado e deixe começar a dourar. Junte uma xícara do caldo e as ervas. Deixe cozinhar por 10 minutos. Acrescente o caldo restante - cerca de 3 xícaras,  o taro picado e uma pimenta ardida picada (a gosto). Prove o sal e corrija, se necessário. Se quiser, junte lascas de carne da carcaça do frango e deixe ferver. Se não quiser, vai ficar boa de todo jeito. Se preferir, use caldo de vegetais. E nhac!! Para duas pessoas. 

Veja sobre a erva também aqui, com valor nutricional e tudo o mais: 
http://www.eattheweeds.com/spanish-needles-pitchfork-weed/
Agradecimentos ao Guilherme Ranieri que me lembrou que era tempo de picões! 

Manteiga caseira e biscoitos de alecrim

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Pois é, caros leitores, quase que me perco nesta folia de carnaval, quase que não volto. Mentira. Gosto de gente, gosto da alegoria, gosto de samba, gosto da bateria, gosto de música, gosto de alegria, mas tudo junto pra mim é demais. Passei o carnaval no mato silencioso sem tv,  trabalhando, plantando, arrumando a casa para o novo caseiro, recebendo visitas queridas. Juliana e Flores, do Viveiro Oiti de Holambra,  chegaram com o caminhãozinho bandeirantes carregado de mudas de presente. No sábado meus vizinhos Ana e Zé também apareceram e foram momentos bem gostosos apesar da chuva persistente que as plantas amaram. Ainda estava me recuperando de uma cirurgia de dente e não pude saracotear muito, nem sair por lá para comprar queijos, colher verduras, fotografar cogumelos. Aliás, nem câmera mais eu tenho. Menos de dois anos de uso e minha Sony já foi pro beleléu. Mas vamos tentando manter o ritmo com a câmera do celular.  

Só queria mostrar aqui que estou a um passo de não precisar mais comprar manteiga. A primeira tentativa de obter nata na região de Piracaia não poderia ser melhor. Meus próprios vizinhos, aqueles do queijo, guardam nata no congelador em potinho de margarina. Isto é emblemático porque todo mundo que guarda nata no congelador usa potinhos de margarina. E nisto a gente já sabe o que se passa. Muita gente do campo atualmente morre de medo de manteiga, carne de porco e frango caipira, mas é destemida total destes cremes industriais e animais bombados. E quanto à nata desprezada, já sem utilidade no dia-a-dia, é guardada, guardada, até se encontrar a quem dar.  Perguntei a Nice o  preço e ela não quis cobrar. Imagine, não é nada não, não ia fazer nada com ela. 




Levei a nata e fiz a manteiga de um jeito muito mais fácil que aquele adotado pelo  meu pai, de bater com a colher. Bati  no liquidificador com água gelada até a gordura se separar do soro. E isto acontece em segundos. Escorri e fui lavando os grumos com mais água gelada, até não sair mais soro, a água continuar transparente e a gordura ficar toda agrupada. Fui amassando com a colher para o resíduo de água ir saindo da massa gordurosa.   Temperei com um pouquinho de sal, moldei numa xícara forrada de pano, deixei gelar, desenformei  e estava pronta para passar no pão ou para fazer estes biscoitos de alecrim de receita alemã original daqui e que levei para comermos durante o carnaval e para dar um pouco de presente para Nice em agradecimento pela nata. Ainda não sei sei gostou, mas pelo menos eu fiquei bem feliz com a manteiga, com os biscoitos e a possibilidade de ter suprimento constante de natas.  

Biscoitos de manteiga com alecrim 


200 g de manteiga em temperatura ambiente
1  xícara de açúcar
3/4 de colher (chá)  de sal
Sementes de 1 fava de baunilha
1 ovo
2 colheres (sopa) de folhas de alecrim fresco picadas
320 g de farinha de trigo (cerca de 3 xícaras)
Para a cobertura:  Raspas de um limão siciliano e de um tahiti e 1/4 de xícara de açúcar cristal

Na batedeira, bata a manteiga, o açúcar e o sal até formar um creme esbranquiçado. Adicione a baunilha e o ovo e bata até ficar bem incorporado, raspando as laterais da tigela com freqüência. Junte o alecrim e misture até incorporar. Com a batedeira desligada, junte a farinha aos poucos, incorporando com uma espátula, até formar uma massa homogênea. Nunca fique sovando demais massas de tortas e biscoitos, pois ficarão duras e não crocantes. Divida a massa em quatro partes, forme bolas, embrulhe em plástico e leve ao freezer. Deixe por 15 a 30 minutos ou até ficar firme. Enquanto isso, faça a cobertura misturando o açúcar e as raspas de limão. Tire a massa do freezer e faça cilindros de 4 centímetros de diâmetro com elas (se quiser, mantenha as bolas congeladas para fazer em outro momento). Se amolecer com o calor das mãos, enrole os cilindros em plástico e deixe de novo no freezer. Com os cilindros firmes, passe-os sobre o açúcar pressionando bem. O açúcar preparado deve ser suficiente para cobrir a superfície de todos os cilindros. Enrole novamente os cilindros em plástico e deixe-os no freezer até o momento de assá-los ou por pelo menos 30 minutos. Pré-aqueça o forno a 200 graus. Corte os cilindros em fatias com cerca de 1 centímetro e coloque-as em assadeira untada e enfarinhada. Deixe assar por cerca de 15 minutos, mas verifique o cozimento a partir de cerca de 10 minutos. Estarão prontos quando as bordas começarem a dourar. Deixe esfriar na assadeira e guarde em vidros.  Rende por volta de 40 biscoitos. 

O que é, o que é?

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Diga aí, o que lhe parece? Na segunda-feira eu lhe falo se acertou ou errou, lembrando que aqui erradores e acertadores serão sempre tratados do mesmo jeito, com agradecimento pela participação. Bom fim de semana! 

Gergelim preto. Resposta da charada

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Salada de mamão verde com amendoim e gergelim 
Pois é, muita gente acertou a charada. Obrigada a todos que responderam. E mesmo quem conhece gergelim preto desconfiou do fruto, uma vagem seca pouco vista ao natural. Eu só percebi a planta nascendo em Piracaia quando a flor como beijo cor de rosa despontou contrastando com o verde da paisagem dominante. Abri o fruto verde e as sementes ainda eram branquinhas. Eu só tinha visto um pé de gergelim duas vezes - no recôncavo baiano, junto a uma plantação de araruta, e na Ilha do Marajó, na fazenda da Dona Jerônima.  Não me lembrava de ter plantado, mas certamente foi resultado de uma revoada de sementes de fundo de sacola que, todas misturadas, algumas comidas por um ratinho,  que encontrou a sacola quando ainda não tínhamos como dormir na casa,  furou sacos, bagunçou tudo. Marcos e eu despejamos as sementes num pano, separamos o que foi possível e plantamos numa sementeira. O resto, principalmente as miúdas incluindo cominho, erva-doce e gergelim branco e preto, destes comprados no mercado mesmo, jogamos aleatoriamente para o alto para quem sabe contribuir com o banco de sementes daquela terra - ou com as formigas, passarinhos, cobras e morcegos, enfim, com a bicharada que chegou antes de nós. Se algo nascesse, estaríamos no lucro. 









Abre-te sésamo: diz a lenda que a chave com que Ali Babá conseguia abrir a caverna encantada cheia de joias, moedas e pedras preciosas guardadas pelos quarenta ladrões tem a ver com o espoucar a um só toque das vagens de sésamo (Sesamum indicum), que se abrem mesmo sozinhas quando amadurecem,  lançando longe as sementes. Eu não quis esperar para ver (e perder a pequena produção de um só pé) e colhi as vagens verdolengas. Deixei secar sob o sol em cima de um pano e elas se abriram espontaneamente. 

Outros nomes para o sésamo, além de gergelim, incluem, mundo afora,  derivações do árabe djildjilán.  Vem daí gerzeligerzelimgingelimgingerlimzirzelim e sirgilim. Acredita-se que a planta seja originária das regiões tropicais da África e da Ásia e que no início da colonização da América do Sul e Central, ele tenha sido trazido pelos portugueses e espanhois. Hoje está espalhado por vários países com uma grande de variedade de tipos morfológicos e cores. Enquanto o branco é mais lustroso, o preto é mais fosco, às vezes não tão preto, alguns amarronzados ou ferrugem. Mas ambos são aromáticos, com sabor que lembra o do amendoim, características visíveis especialmente quando os grãos são torrados até começarem a pipocar – o aroma só se desprende com o calor do torrefação, pois vem dos óleos voláteis. Aliás, o grão possui cerca de 50% do seu peso em óleo  -  mais do que a soja e as nozes. Normalmente ele é usado em pequenas quantidades (a não ser em alguns pratos árabes), de modo que a quantidade de óleo não chega a ser problema.  Bem, como não tinha quantidade suficiente para extrair o óleo, extraí o seu melhor, torrando um pouco e jogando sobre a salada de mamão verde também colhido no sítio. 

Para a salada: risquei o mamão para sair um pouco da seiva que amarga e quando o "leite" coagulou, lavei, descasquei e ralei. Temperei com um pouco de sambal (um molho pedaçudo de pimenta asiático, mas pode usar pimenta a gosto), sal, açúcar, limão, folhinhas picadas de três tipos de manjericão - alfavacão, manjericão santo, manjericão anis. É que eu não tinha aqui, só no sítio, mas queria mesmo é ter colocado coentro, o que você pode fazer, em vez dos manjericões mais raros. Misturei e, por cima, espalhei  amendoim torrado e picado e gergelim preto torrado levemente. E nhac! 





Festival do umbu em Uauá

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Está chegando o dia do V Festival Regional do Umbu em Uauá, no sertão da Bahia, onde a gente não sabe se come umbus doces ou azedos, se admira o céu a consumir todos os tons da caixa de lápis de cor ou conversa com a gente hospitaleira de lá. Ou tudo junto se engasgando de tanto comer umbu. E, claro, discutir questões importantes relacionadas à agricultura familiar, cooperativismo, sustentabilidade etc. Fiquei feliz de ter sido convidada novamente pela Coopercuc - lembra? no ano passado estive lá.  

Bem, o festival começa nesta próxima sexta-feira e, se você tiver oportunidade de ir, não perca. Estarei lá.  Para ter informações sobre o festival, veja aqui: www.coopercuc.com.br/v-festival-regional-do-umbu-e-a-praca-internacional-da-sociobiodiversidade e  www.festivaldoumbu.com

Fotos do céu de Uauá que fiz quando estive lá em fevereiro do ano passado. 


Da carne de cavalo aos capeletti 4 queijos e Eataly

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Não sei se você anda acompanhando a novela da fraude da carne de cavalo que agora afeta até a Nestlé. A empresa está retirando produtos de seis países europeus porque foi detectado o uso de carne de cavalo em vez de bovina. E diz que não tem culpa, porque compra a carne da JBS Toledo, empresa brasileira que agora diz que não tem culpa pois compra do fornecedor alemão H.J.Schypke. Vai ver a culpa é do cavalo que se fingiu de boi. 

Não me assusta pensar em comer carne de cavalo desde que fosse um hábito cultural entre nós, mas não é. E também não me impressiona esta prática da indústria, mais comum do que imaginamos. Se fazem análise sensorial e verificam que ninguém sentirá a diferença de sabor e ainda economizam, porque não usar a carne de cavalo que também é comestível (vá lá, pode não ter sido criado com esta finalidade, pode não ser cultural, mas é comestível). Afinal, também a quantidade do principal produto alegado na embalagem geralmente é tão ínfima, que ninguém vai perceber. Estamos acostumados a ser enganados. É bebida com cara de iogurte que não tem iogurte, é um tal iogurte grego que não tem nada de iogurte nem de grego, um biscoito com recheio de goiaba que não tem fruta, um néctar de frutas que é água temperada e açucarada, um leite em pó que é uma miscelânea de aditivos para se dar a crianças, etc. Por fim, podendo enganar a indústria nos engana, com algumas exceções. 

Dificilmente eu comeria carne de cavalo no lugar da de boi a não ser que sejam muito parecidas no açougue do box 20 do Mercado da Lapa, onde costumo comprar. Mas eu vejo chegarem os quartos e não me parecem ser de cavalo. Não compro hambúrguer, almôndegas, molho a bolonhesa. Acho fácil fazer em casa e ficam muito mais gostosos. Agora,  raviolli de carne não é tão fácil de fazer. Ainda assim, não compro e por isto raramente como. Mas o de queijo me pareceu uma boa alternativa num dia em que estava sem tempo e com vontade de comer capeletti com um caldo de pato que tinha aqui. Era uma coisa menos suspeita, pensei. Imagine, um recheio de queijo para capeletti é simples, não pode ter enganação - é só esmigalhar o queijo. Ou os queijos,  no caso do 4 queijos. Ora, se são 4 queijos, são 4 tipos de queijo misturados e só.  Dada a pressa, nem li rótulo. Chegando em casa, aqueci o caldo e me esforcei para enxergar as letras míudas. Ingredientes:  farinha de trigo enriquecida com ferro e ácido fólico, água, farinha de rosca, ricota, fécula de mandioca, preparado alimentício tipo 4 queijos, sal, gordura vegetal, ovo em pó pasteurizado, amido modificado, aguardente de cana, aromatizante, fibra de trigo, corante natural (óleo de soja, cúrcuma e urucum), glicerina, realçador de sabor glutamato monossódico e conservantes sorbato de potássio, propionato de cálcio e ácido ascórbico.  Não comi. 

Fui ao mercado conferir os ingredientes de outras marcas de capeletti queijo ou 4 queijos e é tudo mais ou menos a mesma coisa. O que vem a ser, afinal, preparado alimentício tipo 4 queijos?  A empresa que usa carne de cavalo poderia declarar algo como "preparado alimentício tipo carne de boi" e tudo estaria resolvido. O que a gente não pode é engolir o que a empresa alimentícia quer nos enfiar goela abaixo.  Talvez não possamos viver sem ela, mas podemos consumir alimentos industrializados o mínimo necessário. Assim poderíamos ter menos empresas gigantescas como a Nestlé e mais empresas pequenas escrupulosas, que conseguissem vender aos supermercados produtos de qualidade. 

Por isto vi com alegria a notícia dada pela Cintia Bertolino no caderno Economia de antes de ontem sobre a abertura de uma Eataly aqui em São Paulo. Fiquei encantada com o mercado/livraria/restaurante/escola que vi em Turim. Foi lá que comprei aquelas peras maravilhosas. É possível encontrar lá vários produtos da arca do gosto do Slow Food e vários outros de produtores locais, além de iogurtes de ótima qualidade feitos por empresas pequenas, massas artesanais, vinhos e tantas outras perdições.  

Para saber mais sobre a carne de cavalo e o Eataly em São Paulo, aqui vão os links


http://economia.estadao.com.br/noticias/negocios+geral,fornecedor-do-jbs-nega-culpa-em-escandalo-da-carne,144477,0.htm


Sambal com tamarindo (molho de pimenta asiático)

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Outro dia comprei no bairro da Liberdade um sambal, molho tailandês com pimentas. Nos ingredientes, apenas pimenta, sal e ácido cítrico. Resolvi pesquisar sobre outras variações e achei uma infinidade de receitas deste molho asiático. Indonésia, Malásia, Tailândia, Singapura, Filipinas, todos têm seu sambal. Alguns levam cebolas, outros camarões secos, molho de peixe, gengibre, cebolinha, açúcar, suco de limão, vinagre, tamarindo, às vezes uma combinação entre estes temperos. O tipo de pimenta também pode variar. 

O meu,  fiz com pimentas dedo-de-moça e cumari, ambas colhidas no sítio neste último final de semana. Segui a receita deste vídeo aí embaixo, só mudando o tipo de pimenta e estimando a quantidade de óleo e água. Mas o que se vê no vídeo não parece ser a quantidade pedida de açúcar. Ou seja, ficou quase uma geleia, mas maravilhosa, melhor que aquela feita com maçãs, muito mais intrigante, o ácido do tamarindo, o picante da pimenta, o salgado, o doce,  o gosto de cebola dourada. Experimente e me conte. Nem preciso dizer que combina com tudo. Um pouco na salada de mamão verde, uma colher dela sobre um bolinho frito, sobre uma carne assada, na sopa, no pão, na sobremesa, na banana, na laranja, no queijo, pura de colherada - pra chorar de picante, sofrimento bom! Aqui vai a receita do jeito que fiz e, lá embaixo, o sambal comprado aqui. Este, feito em casa, é muito melhor. 

Sambal com tamarindo 

1 xícara cheia de pimenta dedo-de-moça madura, lavada, sem os cabinhos, mas com sementes
1 colher (sopa) de pimenta cumari madura 
1 cebola roxa média picada 
1/2 xícara de água 
1/4 de xícara de óleo 
1/2 xícara de açúcar (pode ser a metade) 
1/2 colher (chá) de sal 
4 colheres (sopa) de tamarindo diluído em água 

Coloque no liquidificador as pimentas, a cebola e um pouco da água - o suficiente para bater. Bata até triturar bem.  Numa frigideira, aqueça o óleo e despeje a mistura do liquidificador. Deixe fritar bem, até a mistura começar a se separar do óleo, soltando perfume de cebola dourada. Junte, então, a água restante, o açúcar, o sal, o suco de tamarindo e deixe cozinhar até ficar cremoso e denso, mexendo de vez em quando. Coloque em vidro aferventado enquanto ainda está quente - aos poucos, o vidro sobre um pano, para não quebrar.   Rende 1 xícara. 

Marca tailandesa comprada aqui, no bairro da Liberdade, só com sal 





Taro ou Inhame. Coluna do Paladar de 21/02/2012

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FOTO: Felipe Rau/Estadão
Está na edição impressa do jornal O Estado de São Paulo de hoje, no Paladar,  e também no blog do caderno. De qualquer forma, aqui está:

Tarô, não: é taro. Ou será inhame?

  • 20 de fevereiro de 2013|
  •  
  • 21h24|
  • Por Redação Paladar
Por Neide Rigo
Duvido que alguém deixe de comprar taro por não saber a diferença entre cará e inhame. Mas, se a confusão semântica não atrapalha as vendas, o fato é que desde que Pero Vaz de Caminha confundiu mandioca com cará, a que chamou de inhame, produtores, feirantes, cozinheiros, cientistas e tradutores se batem para decifrar quem é quem.
É que o cará, raiz bojuda, marrom, de polpa branca e granulada, do gênero Dioscorea, é chamado de inhame no Norte e Nordeste do Brasil. No restante do País, inhame é o nome do vegetal conhecido internacionalmente como taro, a Colocasia esculenta, planta da família das aráceas, originária da Índia e da Malásia.
Sei que não é fácil mudar o nome popular de um item alimentício, mas em nome do bom entendimento, podemos tentar adotar o taro. E o outro fica sendo cará mesmo ou inhame.
O taro é a base da alimentação tradicional dos havaianos, que utilizam não só os rizomas, mas também os talos e as folhas. Sempre cozidos – afinal, aprendeu-se que o calor reduz seu efeito irritante (leia abaixo), especialmente se a água do cozimento for descartada. Havaianos comem taro na forma de poi, uma pasta feita com o legume cozido e socado em tachos de madeira com mão de pilão feita de pedra esculpida em forma de sino compacto.
RECEITAS:
Como cozinhar o inhame
Bolo de inhame
Bolinho frito de taro
Polenta com taro e cebola dourada

Essa pasta pode ser comida fresca, sem sal nem açúcar, ou fermentada. Acompanha carnes e peixes ou é comida pura, como um mingau. Com um processador de alimentos você pode fazer seu poi e comer no café da manhã. É revigorante, gostoso, suave. Para fermentar, é só colocar o purê numa tigela, cobrir com pano e deixar em temperatura ambiente até criar bolhas. Mas eu prefiro o fresco, com mel ou melado.
Já no mundo asiático os pratos com taro são muitos: doces, sopas, refogados, cestas crocantes para saladas, bolinhos fritos e assados, brancos, roxos naturais ou coloridos de azul com flores de ervilha-borboleta. E vários deles servem de inspiração para ousar mais no uso do legume tão bem adaptado entre nós, que usamos mais à sombra das batatas.
Aliás, o taro dura dias em temperatura ambiente, em local fresco. E quando apodrece, vai se encolhendo com dignidade, nunca com aquele exagero da podridão das batatas. Esquecido por algum tempo, quase sempre nos brinda com um broto – é só enfiar na terra e regar para receber novos taros.
Para instigar você a correr comprar taro, deixo três receitas: o bolo de fubá do Vale do Paraíba é quase uma broa rústica, feito com um ovo, pouco açúcar, sem farinha de trigo e sem manteiga, com o taro e sua baba no lugar de mais ovos; uma polenta com pedaços de taro e cebola roxa dourada que serve de entrada, prato único ou aperitivo, frio ou reaquecido no forno com uns pedaços de queijo por cima; e um bolinho frito, o taro dispensando a liga dos ovos, sem leite, sem trigo, o vegetal se bastando. E, tudo bem, vá lá, você pode assar se tiver medo de óleo, mas uma friturinha crocante a cada renúncia de papa não mata.
Taro. Havaianos comem não só as raízes, mas talos e folhas, cozidos.
Aprenda a manusear para ele não pinicar
Já vi gente tomando suco de taro cru para purificar o sangue e desintoxicar o corpo, seja lá o que essas coisas queiram dizer. E há quem recomende ainda dar inhame cru a crianças e interromper se acaso pinicar. É que o taro e outros membros comestíveis da família das aráceas, como a taioba e o mangarito, têm oxalatos de cálcio que podem vir em variadas concentrações e o efeito imediato é como morder uma almofadinha de agulhas.
Algumas pessoas parecem ser mais sensíveis que outras e podem começar a sentir irritação e coceira já nas mãos ao manusear o taro. Cortá-lo embaixo de água ou usar luvas são algumas soluções. Mas, além do oxalato, o taro contém outras substâncias irritantes e a combinação delas pode causar edema na boca, coceira e vômito, evoluindo para mais complicações às vezes.

Como cozinhar o inhame

  • 20 de fevereiro de 2013|
  •  
  • 21h23|
  • Por Redação Paladar
Por Neide Rigo
Para cozinhar o taro em cubinhos, cubra com água, salgue na proporção de 1 colher (chá) para 1 litro de água e deixe cozinhar por cerca de 3 minutos. Para fazer purês ou poi, o taro pode ser cozido inteiro em água que o cubra. Antes, lave bem. Deixe cozinhar por cerca de 40 minutos ou até perceber que está macio ao espetá-lo com um garfo. Tire a pele enquanto ainda está morno, ela sairá mais facilmente. Para cozinhar cubos ou fatias, descasque antes, e, para evitar irritações nas mãos, use luvas ou faça-o com o taro sob a água de uma bacia.
FOTO: Felipe Rau/Estadão
Ingredientes
1 ovo
1/2 xícara de açúcar
1 xícara de taro cru ralado fino
2 xícaras de fubá
2 colheres (chá) de fermento
1 colher (chá) de sementes de erva-doce
1 xícara de leite
Preparo
1. Bata o ovo com o açúcar até espumar. Junte os ingredientes restantes e misture bem.
2. Ponha a massa em fôrma de furo no meio untada e polvilhada. Leve para assar em forno médio por cerca de meia hora ou até dourar.
3. Desenforme depois de morno, para comer com manteiga acompanhado de café adoçado com rapadura.

Bolinho frito de taro

  • 20 de fevereiro de 2013|
  •  
  • 21h21|
  • Por Redação Paladar
Receita de: Neide Rigo
Rendimento: 15 bolinhos
FOTO: Felipe Rau/Estadão
Ingredientes
300 g de taro descascado e ralado grosso (pesado já limpo, 2 xícaras ralado)
2 colheres (chá) de açúcar
1 colher (chá) de sal
2 colheres (sopa) de amido de mandioca (polvilho doce)
2 colheres (sopa) de água
3 colheres (sopa) de cebolinha picada – ou coentro ou salsinha
2 xícaras de óleo ou azeite para fritar
Preparo
1. Coloque numa tigela o taro ralado e tempere com o açúcar e o sal. Junte o polvilho, a água e a erva picada.
2. Misture bem e faça os bolinhos, moldando com duas colheres.
3. Frite os bolinhos em óleo quente, três ou quatro de cada vez, virando de vez em quando, até que fiquem dourados.
4. Sirva com molho de pimenta.

Polenta com taro e cebola dourada

  • 20 de fevereiro de 2013|
  •  
  • 21h20|
  • Por Redação Paladar
Receita de: Neide Rigo
Rendimento:12 porções
FOTO: Felipe Rau/Estadão
Ingredientes
1 xícara de fubá
4 xícaras de água
1 colher (chá) de sal
1/3 de xícara (80 ml) de azeite ou óleo
3 cebolas roxas médias partidas ao meio, de comprido, e fatiadas bem finas
2 xícaras de cubinhos de taro cozidos (com cerca de 1,5 centímetro)
1 colher (café) de pimenta-do-reino
½ xícara de cebolinha picada
2 colheres (sopa) de polvilho doce (amido de mandioca) diluído em ¼ de xícara (chá) de água
2 pimentas dedo-de-moça sem sementes fatiadas
Preparo
1. Numa panela de fundo grosso misture o fubá com a água e o sal e leve ao fogo alto, mexendo sempre só até engrossar. Abaixe o fogo, tampe a panela e deixe cozinhar por 40 minutos ou até começar a soltar do fundo da panela. Não precisa ficar mexendo.
2. Enquanto isso, aqueça o azeite numa frigideira funda ou wok e frite a cebola até que fique dourada. Escorra a cebola e reserve.
3. Retire da frigideira o óleo usado (use este óleo perfumado para temperar arroz, por exemplo), deixando lá umas duas colheres (sopa). Coloque na frigideira com óleo os cubinhos de taro cozidos e salteie até começarem a dourar – cuidado para que não cozinhem demais. Desligue o fogo e tempere com a pimenta-do-reino.
4. Separe para a cobertura 4 colheres (sopa) da cebola dourada e 4 de cebolinha picada. Coloque na frigideira junto ao taro a cebola e a cebolinha restantes. Polvilhe um pouco de sal e misture devagar para preservar o formato dos cubos de taro.
5. Para finalizar a polenta, coloque o polvilho diluído e mexa bem até que o branco do amido desapareça.
6. Desligue o fogo e despeje a polenta sobre o taro com pimenta. Misture com delicadeza e despeje tudo dentro de uma forma untada com azeite, quadrada ou redonda, com volume de um litro e meio ou pouco mais, de modo que a mistura fique com uma altura de mais ou menos 4 centímetros. Deixe amornar ou esfriar e desenforme (se quiser, prepare um dia antes de servir, sem a cobertura, e deixe na geladeira).
7. Para a cobertura, misture a cebola e cebolinha reservadas com a pimenta dedo-de-moça e polvilhe um pouco de sal. Espalhe por cima e sirva morna, fria ou gelada, como entrada, aperitivo ou para levar ao piquenique.






Maxixada em Salvador

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Salvador tem praias lindas, cheiro de algas no ar e muito, muito, trânsito. Mas também tem comidas  caseiras deliciosas como as que sempre se encontram na casa de minha amiga Silvia Lopes (a que fez aquele delicioso vatapá) e na casa de Dona Solange, mãe dela. Hoje saímos do aeroporto e passamos na Barra, na casa de Solange. Da cozinha vinha cheiros bons de bacalhau com batatas  e da panelada de maxixe feitos pela Geo, que trabalha com Dona Solange há mais de 10 anos. Saímos de lá com uma vasilhinha cheia de maxixe para o nosso jantar. 

Foi só esquentar numa frigideira, jogar uns ovos por cima e nhac com arroz. Acabei de falar com Geo (Geralda) e dona Solange, que me passaram a receita tintim por tintim. Uma técnica, que faz muita diferença e foi herdada de dona Diva, vó paterna de Silvia, é passar as rodelas de maxixe por uma fervura para que possam ser espremidas para tirar metade das sementes. Assim você terá uma proporção maior da parte densa e macia da polpa do legume. Já dei aqui um maxixe preparado por outra baiana, Eliana, que trabalha comigo. Naquele, tem toucinho. No de Geo, tem camarão seco, pouquinho, só para dar mais sabor (e como dá!).  Solange diz que o prato é feito a olho por Geo e que o acréscimo de leite de coco e dendê é sugestão dela. No final, pode ou não ter os ovos. 

Maxixada baiana - receita de Geralda Oliveira Silva e Solange Campos Lopes

25 maxixes lavados e superfícies raspadas 
1 colher (sopa) de azeite doce (de oliva) ou óleo
1 cebola grande picadinha 
1/2 pimentão verde picadinho
3 dentes de alho picadinhos
1 colher (sopa) de coentro picado 
Sal e pimenta-do-reino a gosto 
5 camarões secos lavados e picados 
1 colher (sopa) de extrato de tomate
1 colher (sopa) de azeite de dendê 
1/2 xícara de leite de coco 
Ovos 

Corte os maxixes em rodelas e coloque numa panela com água fria que cubra os legumes. Leve ao fogo e deixe ferver por 2 minutos. Escorra, passe por água fria e vá apertando as rodelas para que soltem metade das sementes. Escorra bem, aperte as rodelas para extrair o excesso de líquido. Reserve. 
Coloque numa panela o óleo e leve ao fogo para aquecer. Junte os temperos (cebola, pimentão, alho, coentro, sal e pimenta-do-reino) e refogue até amolecer a cebola. Junte o extrato de tomate, o maxixe e os camarões. Cubra com água quente e deixe cozinhar por cerca de 20 minutos ou até o legume estar bem macio. Junte o azeite de dendê e o leite de coco.  Prove o sal e corrija, se necessário. Deixe ferver. Se quiser, prepare a maxixada em uma frigideira e jogue ovos por cima. Polvilhe sal, tampe e deixe as claras cozinharem, mas mantendo as gemas moles.  Rende umas 8 porções
 
Hoje, Salvador. Amanhã, pra Uauá vamos nós


De Salvador a Uauá, a Bahia tem

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Crianças pegando umbus no festival 
Uauá fica a mais de 400 quilômetros de Salvador, de onde saímos cedo para não pegarmos trânsito. Mas não teve muito jeito. Até chegarmos a BR 116, o percurso é meio tenso, com muito, muito, carro. Mas o caminho é interessante. A paisagem verdejante vai se transformando pouco a pouco numa caatinga castigada pela seca, vamos vendo aqui e ali peculiaridades na beira da estrada. Como é o caso dos enormes sacos de frutas e legumes variados, uma feira completa reunida em dois sacos, um de frutas e outro de legumes.  Depois, bacias de caju, porções de ciriguela, sacos de maracujá do mato, melancias, jacas e muito mais. E cidades curiosas como Jorrinhos e Caldas de Jorros, que despejam suas águas subterrâneas em fontes de banho nas praças. Foi em Jorrinhos que comemos um maravilhoso fígado de cabrito embrulhado em redanho e assado na brasa. Chega-se a um ponto da BR em que Canudos fica para um lado e Uauá pra o outro. Chegamos já atrasadas para a abertura do quinto Festival do Umbu - autoridades locais e até o governador da Bahia abriram oficialmente o evento. Mas encontramos o local lotadíssimo com muita gente conhecida - do Slow Food ou que conheci no festival passado. Os vários estandes mostram produtos do umbu ou assuntos correlatos, como é o caso do estande da Embrapa Petrolina que trouxe umbus de todos os tamanhos que chamam a atenção para a variabilidade genética da espécie e os estudos de melhoramento e perpetuação da espécie que tem sido feitos pela instituição. Ou o da EBDA, que trouxe folhas de palma comestíveis - para gente e bichos, além de estandes com artesanatos etc. Teve ainda um jantar com convidados, incluindo esta que lhe conta. E amanhã, se o sol não castigar, tem mais.  As fotos: 




Fígado de bode com redanho
Fígado de bode com redanho
Padaria em Caldas de Jorros
Vendedor de ceriguela
Leito seco do rio Salobro
Palmas para comer

Pesquisador Francisco da Embrapa mostrando umbuzeiro 

Variedades de umbus 
 


Mala cheia na volta de Salvador e Uauá

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Voltei, mas ainda estou chegando. Como sempre, a mala veio cheia, beirando o excesso. Coisas compradas no caminho, no sertão, em Salvador. Sacola de palha de Caldas de Jorros, panelas de cerâmica de Uauá, sementes de mamão, manga pingo de ouro, manga espada e papo de rola, suco de umbu, manteiga de garrafa, geleia de maracujá da caatinga, doce de goiaba, mel do sertão, vinagre de umbu, queijo de coalho, requeijão baiano, queijo de leite de cabra, camarão seco, umbu verde, chapéu de vaqueiro, mudas de umbu, pau-de-rato e pinhão manso, docinho de umbu, sino de cabra, colar, fubá, creme de milho e flocão sem T, pedras de Canudos, sabão em barra, óleo de pequi, licor de umbu, barrinhas de chocolate orgânico etc. E segunda-feira tem mais. 

Cuscuz de banana da terra e queijo de coalho com flocão sem T (transgênico)

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Este cuscuz não comi em Uauá, mas o flocão sem o T aprisionado em tríângulo, sim. E como muita gente ficou interessada, adianto o assunto. 

No festival do umbu, que aconteceu em Uauá, no sertão da Bahia, havia vários expositores e um deles era a Cooperativa Agropecuária Mista Regional de Irecê, que levou fubá, creme de milho e flocão orgânicos, com milho não transgênico, claro.  Trouxe especialmente para divulgar entre os leitores o contato, já que no mercado é impossível comprar qualquer derivado de milho que não seja transgênico. Se nunca prestou atenção, procure no rótulo o símbolo: uma letra T em preto dentro de um triângulo.  Junte uma turma e peça uma quantidade maior, para valer a pena o custo de transporte, afinal, se não me engano, paguei apenas 80 centavos pelo pacote de meio quilo. A cooperativa fica em Irecê, região da Chapada Diamantina.  O flocão é um jeito de abreviar o trabalho tradicional para se fazer cuscuz de milho (deixar de molho, triturar, passar por urupema..). Com o flocão, de uso difundido em todo o país, basta umedecer os flocos com água. 




Já o cuscuz com banana da terra e queijo de coalho, comi em Salvador, na casa de minha amiga Silvia Lopes, que foi comigo para Uauá. Ela me contou que o prato é comum em Lençóis, também na Chapada, onde tinha uma estalagem junto com o então marido Alcino. Foi ela quem ajudou a criar o famoso café da manhã que até hoje dá fama à pousada. E agora, mesmo em sua casa em Salvador, quem passa por lá, passa bem, pois no café da manhã sempre tem cuscuz, suco de lima, frutas etc. Então, ficam aí as duas dicas. 

Para o cuscuz, hidrate 2 xícaras de flocão com 90 ml de água (cerca de 6 colheres de sopa), 1 pitada de sal e 1 colher (sopa) de açúcar. Misture bem, esfarelando com os dedos. Coloque metade na parte de cima da cuscuzeira, sem apertar. Forre com fatias de banana da terra (2 unidades) e algumas fatias de queijo de coalho. Cubra com a outra parte dos flocos úmidos e espalhe por cima a banana e o queijo restantes. Tampe a cuscuzeira e cozinhe no vapor, com água na parte de baixo da panela, até os flocos ficarem cozidos e unidos e o queijo, derretido (cerca de 10 minutos).  Com café bem quente, nhac! 


Produtos da Copirecê - Tel. 74-3641-3722

O Sertão de Joaninha. Parte 2

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A parte 1 foi escrita um ano atrás quando falei de Joaninha, minha pequena amiga de Uauá, e talvez valha a pena dar uma olhada antes de seguir: Uauá-água.  Quando a encontrei novamente na semana passada, ela quis me levar aos mesmos lugares, me conduzindo às vezes pela mão, às vezes pelo magnetismo de seus passos e escolhas do seu olhar. Ela está crescendo, trocou os dentes de leite da frente, continua gostando de vestidinhos e falando coisas sérias, inventadas, engraçadas,  e fazendo comparações esdrúxulas como "mais cheio que o sangue da minha vaca",  me alertando para não ter medo e adivinhando minhas admirações . Desta vez a secura na caatinga era mais branda que no ano passado e o caldeirão estava mais cheio que, em sua visão, agora era um verdadeiro oceano.  Segue aqui um breve passeio pelo sertão pelos olhos e próprias palavras desta menina de sete anos. Com fotos que consegui fazer quando ela não pulava como cabritinha. 


Joaninha do sertão 


Neide, venha ver o poço, lembra quando você veio, que água tava rasinha nas pedras?, pois veja agora, venha ver, tá mais cheio que o sangue da minha vaca. Veja a natureza, aqui na natureza eu posso fazer uma casinha, brincar o dia inteiro e no fim do dia ir dormir. Venha logo, fica só anotando, não. Olhe a sombra do imbuzeiro, ela é muito úmida. E quando a gente fica cansada a sombra serve para descansar,  depois que as pessoas pegaram muito imbu embaixo do sol. Se você quiser, pode tirar foto de perto do imbu pra mostrar pra alguém que não conheça imbu. A cabrinha! Se alguma cabra morre eu fico chorando. Eu lhe digo onde é o poço, venha, vamos arrodear. Os cactos estão crescendo para não matar as criações de fome. Assim elas comem. Elas comem cacto e estas folhas de imbu. 


Se você quiser, pode colar este galho de pau de rato para suas pesquisas. As cabras estão com muita fome e sede há 40 anos. Quando eu dou comida elas comem na hora. Venha, o mar aqui é lindo. Quanta água. Não tenha tanto medo assim, é só um pouco de água. Tá chegando. Você está amando o passeio, não está? Veja a cabeça-de-frade. Os bichinhos não comem, não. Ela é só pra enfeitar a natureza. Se quiser, pode tocar, mas com cuidado, tem muito espinho. Olha aí o poço. Não tem um bocado de água? Olha aí, esta água vai pra caixa pra gente ter água pra limpar e tomar banho. 


Esta cerca é pra não entrar bicho. Sabia que quando a gente toca o fio esticado do arame farpado da cerca, faz música? Dó, ré, mi, fá ... É como corda de violão. Mas veja a água. Tá vendo estas ondinhas redondas? Tem piabinha aí, um monte de piabinha. Ninguém sabe, só eu. Eu sei porque posso ver o reflexo. 

Agora venha para outro passeio que eu sei que você vai adorar. Venha ver a formiga para suas pesquisas. Elas, quando alguém toca fogo ou quando prende suas amigas, elas podem picar para se defender ou soltar as amigas. 



Este aí caindo do umbuzeiro é cacto de cacho. Não é igual ao cacho do meu cabelo? Veja se não é. Não é lindo o fruto dele? É gostoso, mas a gente não pode comer porque ele dá de comer aos passarinhos, se não eles morrem de fome. Eu adoro esta areia. Pegue um pouco com a mão, tira o sapato pra ver como é macia, muito macia a areia da natureza, mas cuidado com espinho. 


Tá vendo esta aí? é a favela, onde algumas borboletas botam os ovinhos, que viram um bocado de lagartas que comem as folhas da árvore. Depois viram borboletas amarelas e de outras cores. Se quiser, pode levar uma pra você criar. Se bem que é melhor não. Olha aqui um ovinho, pode fazer carinho nele, não é uma fofurinha? Vou botar agora no lugar pra mamãe borboleta não ficar preocupada. As borboletas são as que mais mantém a natureza colorida. Tem preta, prata, tem amarela, azul e uma branca.  Olhe o cupinzeiro no imbuzeiro. Mora um bocado de cupim aí dentro. Olha aí, olha aí, um saindo. 


Neide, enquanto você vai aí observando e tirando foto do que você mais aprecia, eu vou ali comer imbu, ta? 

Balas de matar

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Pois é, estas não são balas de chupar, mas de matar. São as relíquias que o povo do entorno de Canudos cisma em conservar para não esquecer o massacre dos antepassados seguidores de Antônio Conselheiro. O sertanejo é um forte e engenhoso, mas na guerra desigual não há armas com seixos rolados, estilingues ou pontas de prego que resistam ao estrago de uma bala dessa. Vi as duas sobre uma prateleira numa mercearia em Bendegó, vilarejo de Uauá. E nesta viagem visitei pela segunda vez o Parque de Canudos onde toda a história está contada tendo a mesma paisagem muda e espinhenta como testemunha.  Aliás, o livro do Euclides da Cunha, Os Sertões, pode ser baixado gratuitamente aqui

Cogumelo da caatinga

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Não imaginava encontrar cogumelos na caatinga, mas não tem muito tempo choveu um pouco e, apesar de o solo estar super seco e o sol fervilhante,  certamente folhas caídas e troncos mortos enterrados conservaram alguma umidade. Eram vários ao longo da estrada. Brancos, estirados, com escamas, surgiam entre pedras e do barro seco e trincado como pedaços de ovos de chocolate. Eram, em altura, maiores que minha mão. Quando tirei o chapéu de um, um fino pó preto como carvão foi soprado pelo vento.  Micologistas de plantão sabem que espécie é esta? Pensei no Coprinus cornatus pelas escamas, mas acho que estou enganada. Bem que podia ser comestível. 



Umbu. Coluna do Paladar. Edição de 07/03/2013

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A amiga Jussara Dantas, da Coopercuc

Hoje tem minha coluna no Paladar. Está tudo lá no Estadão impresso e no blog do Caderno: http://blogs.estadao.com.br/paladar/todo-fevereiro-tem-umbu/Segue aqui o texto integral com mais fotos: 

Um umbuzeiro de Uauá


Se tudo vai bem,  a temporada de umbu na caatinga começa em janeiro e vai até abril, maio, a depender da bondade e duração das trovoadas.  No ano passado a safra não foi das melhores, pois a seca castigou o sertão como não acontecia havia muito tempo.  De qualquer forma, chova ou faça sol,  todo  fevereiro  algum umbu sempre há de ter e por isto este foi o mês escolhido para celebrar a colheita da fruta em Uauá, interior da Bahia. Tive o privilégio de participar do festival pela segunda vez,  a convite da Cooperativa Cooperativa Agropecuária Familiar de Canudos, Uauá e Curaçá - Coopercuc, que organiza o evento. 

Na paisagem que contorna Uauá, na região de Canudos,  o umbuzeiro,  com copa triangular de base larga,  se destaca entre faveleiras, pau-de-rato, macambiras e mandacarus. Apesar dos leitos secos de rios,  um céu azul castigador e solo árido e pedregoso, o umbuzeiro está intrigantemente sempre verde sem se parecer em nada com cactos que escancaram nas folhas suculentas o segredo da adaptação àquele ambiente inóspito. 

Um umbuzeirinho já com xilopódio

Diferente disso, as folhas do umbu são fininhas e delicadas e o mistério está escondido sob terra.  É que a planta se adaptou à caatinga às custas de uma cisterna particular, afinal a árvore é dotada de xilopódios na forma de grandes batatas,  que armazenam água no período das chuvas para enfrentar a  longa estiagem. 

Mas, mesmo com a poupança hídrica garantida, o umbuzeiro tem lá suas artimanhas para enfrentar dias mais difíceis que se anunciam sem abrir mão de oferecer ao menos uma safrinha para os que esperaram quase um ano na secura.  Dizem no sertão que se o umbuzeiro se empolgou e se cobriu de frutos, quando se dá conta dos dias secos por vir, num ato de humildade e sabedoria,  lança mão de parte da carga para caprichar na doçura e grandeza dos que escolheu segurar. E da noite para o dia abandona metade dos frutos ainda verdes no chão para seguir mais leve.  Neste caso, fiquemos com a alegoria da inteligência vegetal ante as plausíveis razões da ciência, pois sertanejo tem explicação para tudo.
Vale lembrar que as folhas do umbuzeiro são também comestíveis, azedinhas, lembrando folhas de vinagreira, mas ninguém come, não. Chá, sim, fazem para infecção.  Mesmo sem estar doente, fiz o chá para distração, para ser gostoso, temperado com cravo e canela, e fica muito bom, ácido, perfumado.  E também já coloquei junto à fruta na caipirinha. Enfeita e acidifica se as folhas forem machucadas com açúcar antes.

O xilopódio do umbuzeiro, crocante e doce como yacon
As batatas do umbuzeiro também são comestíveis, úmidas, translúcidas, crocantes e doces. E,  embora possam ser usadas para aplacar a sede ou para fazer doces, não é prática recomendável arrancá-las,  pois, como já disse, é a reserva de umidade – a  não ser quando a planta é cultivada para isto.  No viveiro da Coopercuc  plantam-se umbuzeiros para replantio e também para usar o xilopódio em conserva, gostoso em saladas. Cru, ao natural, é refrescante e lembra batata yacon.

Bem, estou aqui falando  como se todo leitor conhecesse umbu. Em São Paulo às vezes aparece nas carriolas de vendedores informais em bairros populares, mas não é comum encontrá-lo nos mercados, pois é fruto do extrativismo,  frágil, sazonal e difícil de cultivar fora de seu ambiente natural.  Para quem não sabe, a fruta é endêmica na caatinga, parente da ciriguela, do cajá e do taperebá, de sabor ácido e doce,  rica em vitamina C, com a particularidade de ser viciante.   Nunca se consegue comer um só.  Come-se até desbotarem os dentes como se diz em Uauá para a corrosão ácida, fragilidade momentânea na raiz dos dentes. Em compensação, dizem que na safra ninguém tem gripe e é grande o número de mulheres que ficam grávidas nessa época. 

Quando ainda verde mas já inchado, é crocante e doce como uma uva itália e ácido como limão. Se está maduro, pode ser verde, amarelo ou até vermelho, e é suculento como uma jabuticaba.  A casca fina é resistente, mas comestível se não se incomoda em mastigá-la.  
A forma mais difundida de consumo da fruta é in natura, mas pelo menos um modo de preparo é emblemático. É a umbuzada. Trata-se de uma coalhada feita com leite, a fruta espremida e açúcar e é a acidez do umbu  que talha o leite  - se usada madura pode ser crua, pois já está molinha, mas se é verdolenga, basta cozinhar um pouco para abrandá-la.  No sertão, o leite pode ser de cabra e o açúcar, mascavo ou rapadura.

Vinagres de umbu, de diferentes produtores
Outro preparo clássico, pelo menos nesta região da Bahia, é o vinagre de umbu, que infelizmente pouca gente hoje faz e não é exatamente um vinagre, mas recebe o nome por ser extremamente ácido.   Feito com o umbu purinho, sem nenhum aditivo, dá trabalho, o rendimento é pouco, exige horas de fogo, mas o resultado é surpreendente - um molho escuro e denso, perfumado, ácido e naturalmente doce, que pode ser usado em pratos salgados e doces. É tão bom, mas tão bom, que cozinheiros de plantão, tenho certeza,  o comprariam pagando sem reclamar pelo preço de um bom aceto balsâmico.  Sorte que dura muito tempo, mais de um ano com certeza, e que desta vez trouxe três litros garimpados a duras penas na feira e nas comunidades que lidam com a fruta.  São muito baratos e aí está o desistímulo.  Mas minha campanha é para que a Coopercuc comece a produzi-lo comercialmente, assim a relíquia não se perderia.  Aliás, este é mais um produto que mereceria estar na Arca do Gosto, a exemplo da própria fruta que já está.

A proteção do umbu através deste projeto do Slow Food justifica-se pelo risco de extinção a que a planta está sujeita seja pelo processo de desertificação da caatinga, seja pela falta de manejo na exploração dos umbuzeiros, que já são centenários. O estoque de plantas não tem sido renovado e a espécie não tem crescido naturalmente por ser um dos alimentos preferidos das cabras criadas naquela região.  Para conseguir novos umbuzeiros é necessário isolar as cabras ou as plantas.


Juanzinho adora umbu doce ou azedo e às vezes faz careta 
Por isto o trabalho de valorização do umbu em Uauá é um exemplo de cooperativismo que vingou e mereceu muitos prêmios mundo afora.  Além de manter  mini fábricas espalhadas por dezoito comunidades que processam a fruta em sucos, geleias, doces, compotas, todos com certificação orgânica, os 204 cooperados se obrigam a fazer novos plantios, coletar a fruta madura manualmente e manejar apenas os umbuzeiros de fundos de pasto (área de exploração coletiva, como os faxinais), isolados das cabras.

Deixo aqui uma receita de umbuzada, clássica, todo mundo tem sua receita de olho, e uma de crepe cujo recheio fiz pensando nas mangas verdes ou maçãs ácidas com açúcar e canela. Aproveitei ainda a umbuzada na massa e o vinagre de umbu como calda. Se não tiver, use uma calda doce e ácida. Mas se quiser ter, vá à feira livre de Uauá ou peça para a Coopercuc produzir, já começando nossa pequena pressão.  Já a fruta em compota da cooperativa pode ser encontrada em várias capitais e é uma alternativa para se fazer tanto a umbuzada quanto o recheio para a panqueca.

Site da Coopercuc para mais informações:  www.coopercuc.com.br/

UMBUZADA

De meia a uma xícara de polpa de umbu
1 xícara de leite
Açúcar a gosto

Para preparar a polpa de umbu, escolha frutos maduros e passe por peneira grossa, separando a pele e as sementes. Se não tiver frutos maduros, cozinhe em água frutos verdes e passe por peneira.  Junte a polpa ao leite, aos poucos, mexendo, até  talhar.  Junte mais ou menos polpa se preferir a coalhada mais ou menos ácida.  Adoce a gosto e sirva. Se preferir, deixe na geladeira um pouco para ficar mais consistente.   Há quem faça cortes na fruta e esprema o excesso de água, deixando para a umbuzada somente a polpa mais densa (o líquido espremido pode ser tomado como suco.

CREPE COM RECHEIO DE UMBU E CANELA

Massa
1 xícara de umbuzada (ou leite)
¾ de xícara de farinha de trigo
2 colheres (chá) de fermento em pó
1 pitada de sal
1 colher (sopa) de óleo ou manteiga em temperatura ambiente
1 colher (chá) de açúcar (se usar a umbuzada já doce, não use o açúcar, mas se usar o leite, sim)

Recheio
1 e 1/2 xícara de umbu inchado, firme,  descascado e cortado em lascas
4 colheres (sopa) de açúcar
2 colheres (chá) de canela em pó

Bata os ingredientes da massa no liquidificador até ficar um creme liso. Deixe descansar enquanto faz o recheio.
Misture os ingredientes do recheio numa frigideira e deixe aquecer somente até derreter o açúcar. Reserve.
Aqueça uma frigideira antiaderente sem untar e despeje um pouco da massa e rodeie a frigideira para que a massa fique bem fininha. Deixe dourar, vire com uma espátula e espere dourar do outro lado.  Quando as massas estiverem prontas, recheie com um pouco do umbu e dobre. Sirva com vinagre de umbu (se tiver) ou com uma calda ácida como a de tamarindo.  Se preferir, polvilhe com açúcar cristal misturada com canela.




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