Árvore na Alameda Lorena |
Tudo começou quando o leitor Luciano Pupo me mandou foto perguntando que fruta era aquela, com gosto de suco de cacau e algo de figo. O Luciano é o mesmo daquele caça ao tesouro Eugenia candoleana que publiquei aqui. Daquela vez fui quem deu todas as coordenadas para ele descobrir onde estava a tal árvore que citava no post.
Já agora quem deu o mapa da mina foi ele, inclusive com as coordenadas do Google Maps. Pra falar a verdade eu estava tão ocupada quando ele me perguntou, que tentei adiar a resposta - que exigiria de mim alguma dispersão, eu me conheço. Pedi para ele me mandar a foto da fruta partida ao meio. Com isto eu poderia ganhar algumas horas, quem sabe dias. Mas que nada. Ele imediatamente me mandou o seguinte email, incluindo a localização (para quem tiver curiosidade): "Impossível neste momento... Comi as quatro. Mas antes de papar a última cortei-a no meio pra dar uma olhada (deveria ter fotografado também, né...?). Por dentro é bege, com veios aquosos entremeados na polpa. Há muitos "micro-grânulos" na polpa, que imaginei serem as sementes. Nenhuma delas tinha algum outro tipo de semente. Dê uma olhada neste endereço: https://maps.google.com.br/maps?q=alameda+lorena+582&ie=UTF-8&ei=G8AEU83hCYjNsQS7moHwDQ&ved=0CAkQ_AUoAQÉ uma página do Google Maps, que se V. for aproximando no zoom, chega nas imagens reais (street view). Entre os nºs 572 e 582 existe uma árvore, é essa. Outra referência são as lojas Dyff e Diva; a árvore fica entre elas. Ou ainda dê um pulo lá pessoalmente, se tiver um tempinho. Garanto que não vai se arrepender. É um sabor único e sensacional.
Estava indo a uma reunião na Lorena e me deparei com essa joia. Hoje a árvore está um pouco diferente do que nas imagens do Google; há um ramo jovem que brotou perto da base que está proporcionando um belo toldo natural na calçada em frente à loja. Quando vi essas inéditas frutinhas vermelhas pendendo de cabinhos finos bem acima da minha cabeça, não resisti e arrisquei por uma na boca, quase que instintivamente, dada a improbabilidade de serem tóxicas. Só depois, quando saí por ali indagando de lojistas que árvore era aquela (ninguém sabia...), uma moça disse que sabia que podia comer. Mas eu já tinha comido... Nunca tinha visto/experimentado nada parecido. Espero que descubra, estou muito curioso."
Pensei em responder que definitivamente não sabia. Mas, olhando bem a foto, me veio à lembrança a frutinha que comia trinta anos atrás no Crusp, quando morava lá. A árvore ficava em frente ao bloco C e conheci a frutinha através do Acauã, também cruspiano. Não preciso dizer que parei tudo e escrevi pro amigo perguntando o nome. Enquanto ele não respondia comecei a folhear o livro do H. Lorenzi (Frutas Brasileiras e Exóticas cultivadas). Lembrava de ter visto a frutinha ali. No mesmo instante que encontrei a descrição com foto no livro, chegou a resposta do Acauã: "calabura, boa para curtir na cachaça". Aí comecei a lembrar de mais fatos que na hora não dei muita importância. Acauã citou a fruta e seu nome num piquenique que fizemos no começo deste ano, mas certamente eu estava conversando com outra pessoa e a inscrição ficou meio apagada na mente. Também no ano passado quando fui à casa/ viveiro da amiga Juliana Valentini e Flores, me lembro dela ter dito algo como "ah, esta fruta é meio bobinha, calabura, mas passarinho gosta". Era tanta novidade ali que não liguei muito para a árvore. Mas a inscrição ficou e só agora foi marcada para sempre. E é incrível como é assim que vou aprendendo. Então, não me venha perguntar qual é o livro que tem tudo o que sei e que posto aqui no blog, afinal vou aprendendo e já disseminando, pois se um dia eu esquecer tudo, você poderá me salvar.
Então, nestes últimos cinco dias (Luciano me interpelou no dia 19) já me envolvei com a frutinha de várias formas. Primeiro, que segui a indicação e fui até a Lorena. Marcos e eu descemos vários quarteirões a pé, do conjunto nacional até a Alameda Lorena em plena sexta-feira quase já escurecendo. Chegamos lá e colhemos algumas frutas, fotografamos e comemos. Falhei em não recolher alguns galhos, pois fiquei sabendo que a planta pega por estaquia, além das sementes.
Bem, está aí, você já sabe a resposta: Calabura ou Muntingia calabura. Com o nome você pode procurar informações, mas se quiser esperar até amanhã, eu te conto tudo e mostro o que fiz com ela. Este post está ficando grande demais. Valeu, Luciano. Esta, fico lhe devendo. Continuo amanhã.