A esta altura, depois de três anos de sítio, já não preciso mais me preocupar em levar saladas quando vamos a Piracaia. Está certo que quase nunca há alfaces, pois quando dá dá de uma vez e geralmente coincide com as semanas que não podemos ir. Então, o que mantenho por lá são as couves, almeirões e catalonhas. Estas são plantas perenes, que requerem pouco cuidados, são nutritivas, gostosas para quem gosta de amargos e versáteis. Uma fruta ou outra, também sempre tem: figo, dando cada vez mais e mais doce, suculento e perfumado, amadurecido no pé - embora os pássaros só tenha deixado um inteiro -, os limões começando a surgir, as amoras gigantes que não se acabam e cabeludinhas de montão. E plantas pra tempero, pra chá e pra cheiros, claro, todo pedaço de terra tem que ter. Desta vez, colhi também cebolas roxas e brancas. Então, é só juntar tudo e fazer uma salada, cuja receita nunca mais vai se repetir. Se, por acaso, fica gostosa, como foi o caso desta, deixo o registro para um dia matar a saudade. E quem sabe você possa imitar caso, por ventura, tenha também estes ingredientes de época perto de você. Só não vá sair e comprar tudo no supermercado ou na feira. Aí perde a graça e também não é pra tanto, vamos combinar.
Salada de catalonha e almeirão roxo com figo e molho de amora: parti o figo ao meio e dourei na manteiga. Lavei as amoras e esmigalhei sobre uma peneira, recolhendo só o suco, que acidifiquei com o limão, temperei com sal e pimenta-do-reino e fui adicionando azeite aos poucos e batendo para emulsionar. No prato coloquei as folhas rasgadas com cebolas, hortelã e tomilho limão. Reguei com o molho, coloquei o figo por cima e nhac!