Quando viu, Eliana profetizou: o mundo pra terminar tá próximo!, meu avô já dizia, você vai ver minha filha quando for chegando o fim do mundo as coisas vão começar a ficar estranhas, gente como nariz de inhame, moranga com cara de abóbora de pescoço, é o sinal. Já meu pai Toninho, cético como eu, olhou para a aberração e imaginou a engenharia: esta abóbora cogumelo de hiroshima, isto é coisa de japonês, minha filha, polinização cruzada artificial com as mãos do homem que entende destes segredos da natureza, em estufa fechada para impedir polinização por insetos. Mais pragmática que os dois, só quis saber se funcionava na panela. Parti, escavei para tirar as poucas sementes murchas e cozinhei no vapor. Queria rechear. Comi com sal, uma só colher de café. Um lado mais denso, outro fino. Sem sabor e aguada um lado, ruim, densa e amarga o outro. E dei o veredito: melhor deixar para enfeite e curiosidade. Encontrei-a numa venda no caminho entre Guaratuba e Curitiba, no Paraná.
↧