: Cajuru, ajuru, ajiru, uajuru.
Pelo jeito, pouca gente conhece. Foram citados maracujá roxo, ameixa de umeboshi, jambo, milho de grilo, cambuci, tâmara, seriguela. Só a Márcia Amaral acertou. A título de curiosidade, veja fotos das frutas mencionadas (em tamanho, só o milho de grilo é infinitamente menor):
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Seriguela da Bahia |
Ganhei as frutas da Mara Salles, do restaurante Tordesilhas. Um amigo havia lhe dado sem saber do que se tratava. Mara trouxe para ver se eu sabia. Como recebi as frutas já muito amassadas, fermentadas, sem condições de serem comidas, tirei foto, provei a polpa com a ponta da língua e plantei todas as sementes num vaso, sem saber o que eram. Havia esquecido delas, até que as sementes começaram a germinar. Só depois disso, com as folhas maiorzinhas é que associei a fruta à planta e me lembrei de ter provado dela na Ilha do Marajó, onde dão a ela pouca importância. Passei por uns arbustos tortuosos, vi a fruta e perguntei o nome. Ajuru, disse dona Jerônima, sem muito entusiasmo. É que por ali há
tantas frutas que algumas menos marcantes são deixadas aos peixes, aos bichos. Lembro de ter provado e achado gostosa, com sabor doce e textura um pouco fofa e úmida, sem aroma marcante. Lembrava um pouco o sabor da maçã, com menos acidez, ou de jambinhos rosas talvez. Polpa mais mole. Deveria ter colhido mais, explorado mais, mas o tempo passou e só agora voltei a ter contato com a fruta, já passada também.
A espécie
Chrysobalanus icacoé originário da América Tropical e Caribe. Mas hoje é naturalizada no Vietnã, Polínésia, Índia etc. No Brasil quase não é cultivada, mas é encontrada no seu habitat natural nas praias, restingas e dunas do Norte e Nordeste e também nas praias de rio no Baixo Amazonas. Em breve, em Piracaia.
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As sementes germinaram. Agora é só mudar para vasos individuais e depois para a terra em Piracaia |
Há variedades com frutos vermelhos (ou rosados, como estes que mostro), amarelos e pretos. Todos possuem polpa branca. A pele é fina e comestível enquanto a semente tem um cerne oleoso que, dizem, tem sabor de amêndoas. Além de gostosa, a frutinha tem poderes hipoglicemiantes, comprovados em estudos com camundongos, e outras funções fitoterápicas. Popularmente. tanto as folhas quando os frutos são usados para fins medicinais. A árvore pode ser muito grande ou mantida como um arbusto de galhos tortuosos que às vezes crescem sobre o chão. E uma grande vantagem da planta é que resiste não só à seca quanto a geadas e ainda suporta solos bastante salinos.
E, se para comer in natura a fruta não exerce grande apelo, na cozinha é usada para o preparo de uma deliciosa compota,
como esta. O
dulce de icacoé uma sobremesa emblemática e apreciada em Zúlia, na Venezuela, mas também em Havana e outras mesas caribenhas. E, na minha, daqui a alguns anos... Por enquanto, vamos ficar de olho nestes frutos não convencionais que encontramos fartamente à beira de nossas praias.
Outros nomes por aí: engmo, jingimo e mafua, cocoplum, paradiseplum, fat pork, maçãzinha da praia, ciruela de algodon etc.