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Queijo mosaico: ingrediente único, exclusivo, circunstancial. Ou como reaproveitar queijos velhos

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Queijo bom não tem fim, se transforma. Se o queijo é de leite cru, vai maturando com ajuda de suas enzimas que o protegem da degradação. Por isto, não precisaria transformar meus pedaços de queijos que vou guardando na gaveta da geladeira. Vou usando picado no lobozó, no omelete, para gratinar pratos, no meio da torta etc.  Eu tinha ainda pedaços daqueles Canastras do ano passado, do Joãozinho, Zé Mário e Zé Pão.  Pedaços de queijos de Piracaia, do mineiro, meu vizinho Fernando, e outros como um Serro e queijo Moreno de Itapetininga, vendidos pelo Fernando, do Alimento Sustentável, e levados outro dia ao sítio pelos amigos Sonia e Ruy. Todos, queijos incríveis que amadurecem bem, como queijos parmesões. 

Um pedaço desses: Serro e Moreno, de Itapetininga (deliciosos!0

Este, do meu vizinho de Piracaia, que maturei com um pouco de mofo
roubado do Serro acima

E que ficou incrível

Aqui, os pedacinhos de queijos diversos, incluindo Canastras de quase
dois anos
Acontece que tirei os queijos da geladeira  para limpar o congelador (sim, minha geladeirinha é uma mequetrefe consul nada frostfree que tenho que descongelar periodicamente).  Só os guardo ali quando já estão pequenos, meio secos, prontos pra usar na cozinha. E foram se acumulando. Depois de a geladeira estar limpa e já sem gelo - empreita apressada com uma bacia de água fervente dentro dele (ok, sei que não é certo, não é pra ser exemplo), sequei tudo e coloquei a vasilha sem tampa com os queijos na gaveta abaixo. No outro dia, a vasilha comportava um grande bloco de gelo com os cubos de queijo vitrificados como um mosaico. Como caiu água justo na vasilha e não em toda a gaveta é um mistério no qual não quis me aprofundar. O fato foi que perderia todos aqueles queijos que, depois de descongelados,  ficaram úmidos e com textura comprometida. Não conseguiria mais guardar daquele jeito.

O que resolvi fazer então  foi aproveitar o leite integral que fervia numa panela e jogá-los todos ali dentro para um grande banho coletivo de ofurô pra ver no que ía dar.  Os pedaços foram amolecendo, elasticando, uns quebrando em pedacinhos e o leite foi ficando com aspecto de talhado  - delicioso, porém. Como não virou nada com corpo, resolvi bater tudo no liquidificador. O queijo formou, então, um bloco coeso, que consegui juntar com as mãos, separando do leite, como um bloco de manteiga. Coloquei a massaroca dentro numa cestinha que tenho para escorrer tofu (acho que é pra isso) e fui apertando. Deixei na geladeira até hoje e desenformei o queijo fundido, agora com textura seca e dura e sabor de mil queijos. Vou usar como queijo ralado. 

Uma grossa camada de manteiga de queijo

Um creme de leite denso sabor forte de queijo

Grânulos de muitos queijos, que vai virar pesto ou recheio de torta

O leite que sobrou, com pedacinhos de queijo, sabor de queijo e gordura de queijo, coloquei num vidro e também deixei na geladeira. Ele se separou em fases. Na superfície, uma gordura solidificada, uma manteiga de queijo deliciosa, boa para passar no pão, saltear o spatzle ou fazer massa de torta.   

O líquido que estava embaixo foi passado por peneira dando origem a dois ingredientes. Um creme de leite sabor queijo e um blend de grânulos de queijos, que pretendo usar no recheio de torta junto com ovos de pata,  ou transformá-lo em pesto para macarrão. O fim de semana promete e agradeço à geladeira tranqueira pelo empurrão para me livrar de todo o mal do apego a coleções, seja de queijos ou pilões. 


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