O ruim de viajar não é voltar, é desarrumar o resumo do lugar contido numa mala. Isto porque trago comigo um pedaço daquilo que não pude viver plenamente de corpo presente. É sempre tudo corrido, por isto o lugar tem que vir assim, embalado, para ser degustado aos poucos.
Fui participar do Congresso Internacional de Gastronomia e Ciência de Alimentos em Fortaleza, onde falei um pouco sobre pesquisa de ingredientes. Depois ainda fui à Universidade Federal do Ceará falar aos alunos de gastronomia do professor Paulo Henrique Machado (quem organizou o congresso e me convidou).
Nos dias de folga, aproveitei pra conhecer um pouco dos mercados, restaurantes etc. Fui à feira livre na cidade 2000, conheci o Mercado Central e o São Sebastião e ainda comi galinhada na casa do Hermano e da Manuela - ele professor da gastronomia. Na casa deles também foi a despedida, com boas invenções sobre a tapioca e a goma. Pelo menos tive tempo de comer pastel na tradicional pastelaria Leão do Sul, comprar queijos no Raimundo dos Queijos, tomar sorvete no Juarez e acarajé da Carminha na Cidade 2000. Mas disto tudo, falo depois, com calma.
A cidade de Fortaleza é moderna e, num primeiro momento, pouco convidativa pra quem vive em São Paulo e gosta de viajar para lugares mais sossegados, como eu. Os prédios à beira mar são altos, imponentes e assustadores, e os ambientes internos de hoteis e restaurantes, frios. Bem gelados, digamos. Errei na roupa, levei roupas leves de verão e passei frio, muito frio. À praia, fui um dia, de tenis e meia de paulista, só para tirar foto. O lugar mais agradável da cidade é o Passeio Público onde mora um enorme baobá rodeado de muitas árvores nativas e tem clima ameno, agradável, um refresco bom para o mormaço quente das ruas entre prédios. Mas o ar condicionado virou meu inimigo número um na cidade. E as praias são lindas, como soam ser.
Enquanto estava lá, James Oseland, editor da revista Saveur, me mandava fotos da Índia, Jakarta, Singapura. Sempre de comida, claro. Mandei também um prato de comida, que ele sempre gosta de ver pratos prontos, e, para dar ideia de onde eu estava, uma foto da praia com os prédios. Sei lá que ideia fazia de Fortaleza, mas a resposta foi engraçada: "My God. Manhattan on the beach".
Tirando isso e saindo pra bater pernas, a gente começa a perceber o verdadeiro modo de ser e comer cearense, distante do universo turístico. E foi um pouco disto que trouxe na mala. Um potinho de granola com castanha de caju foi presente feito pelo casal Vladia e Nitya; o catchup foi feito pelo Hermano e pela Manuela e, do mesmo casal, ganhei outros presentes como pimentas e sementes de jerimum, goma, farinha de mandioca etc. Do mercado São Sebastião trouxe tamarindo em pasta e pilão de madeira andiroba. Do Central, vinho de caju, cachaça, doces, caju em passa sem açúcar, colchão de noiva (doce de leite em forma de colchão - há rótulos como coxão de noiva ou coxa de noiva) e lencinhos bordados à mão. No Raimundo dos Queijos, comprei queijo de coalho fresco e maturado, manteiga de garrafa, carne de sol. Da feira da cidade 2000, trouxe mamãozinho e ananás, pra tirar sementes e mudas. Lá também comprei também feijão de corda e coador de pano com pauzinho de marmeleiro. Como presente do congresso, uma cestinha com doces, castanhas, alfenim, rapadura etc. Da padaria vieram pé-de-moleque, bolo de nata, pão de coco, bolo de grude, bolo de milho, bolo mole. Fora as castanhas só levemente douradas, maravilhosas. E, nada nada, precisei de outra mala - que, preventivamente, já tinha levado.
Trouxe comigo também aquilo que não ocupa lugar: o carinho das pessoas que me receberam, as novas amizades que fiz e o desejo de conhecer o sertão. Aos poucos, vou contando o que vi.
Fui participar do Congresso Internacional de Gastronomia e Ciência de Alimentos em Fortaleza, onde falei um pouco sobre pesquisa de ingredientes. Depois ainda fui à Universidade Federal do Ceará falar aos alunos de gastronomia do professor Paulo Henrique Machado (quem organizou o congresso e me convidou).
Nos dias de folga, aproveitei pra conhecer um pouco dos mercados, restaurantes etc. Fui à feira livre na cidade 2000, conheci o Mercado Central e o São Sebastião e ainda comi galinhada na casa do Hermano e da Manuela - ele professor da gastronomia. Na casa deles também foi a despedida, com boas invenções sobre a tapioca e a goma. Pelo menos tive tempo de comer pastel na tradicional pastelaria Leão do Sul, comprar queijos no Raimundo dos Queijos, tomar sorvete no Juarez e acarajé da Carminha na Cidade 2000. Mas disto tudo, falo depois, com calma.
A cidade de Fortaleza é moderna e, num primeiro momento, pouco convidativa pra quem vive em São Paulo e gosta de viajar para lugares mais sossegados, como eu. Os prédios à beira mar são altos, imponentes e assustadores, e os ambientes internos de hoteis e restaurantes, frios. Bem gelados, digamos. Errei na roupa, levei roupas leves de verão e passei frio, muito frio. À praia, fui um dia, de tenis e meia de paulista, só para tirar foto. O lugar mais agradável da cidade é o Passeio Público onde mora um enorme baobá rodeado de muitas árvores nativas e tem clima ameno, agradável, um refresco bom para o mormaço quente das ruas entre prédios. Mas o ar condicionado virou meu inimigo número um na cidade. E as praias são lindas, como soam ser.
Enquanto estava lá, James Oseland, editor da revista Saveur, me mandava fotos da Índia, Jakarta, Singapura. Sempre de comida, claro. Mandei também um prato de comida, que ele sempre gosta de ver pratos prontos, e, para dar ideia de onde eu estava, uma foto da praia com os prédios. Sei lá que ideia fazia de Fortaleza, mas a resposta foi engraçada: "My God. Manhattan on the beach".
Tirando isso e saindo pra bater pernas, a gente começa a perceber o verdadeiro modo de ser e comer cearense, distante do universo turístico. E foi um pouco disto que trouxe na mala. Um potinho de granola com castanha de caju foi presente feito pelo casal Vladia e Nitya; o catchup foi feito pelo Hermano e pela Manuela e, do mesmo casal, ganhei outros presentes como pimentas e sementes de jerimum, goma, farinha de mandioca etc. Do mercado São Sebastião trouxe tamarindo em pasta e pilão de madeira andiroba. Do Central, vinho de caju, cachaça, doces, caju em passa sem açúcar, colchão de noiva (doce de leite em forma de colchão - há rótulos como coxão de noiva ou coxa de noiva) e lencinhos bordados à mão. No Raimundo dos Queijos, comprei queijo de coalho fresco e maturado, manteiga de garrafa, carne de sol. Da feira da cidade 2000, trouxe mamãozinho e ananás, pra tirar sementes e mudas. Lá também comprei também feijão de corda e coador de pano com pauzinho de marmeleiro. Como presente do congresso, uma cestinha com doces, castanhas, alfenim, rapadura etc. Da padaria vieram pé-de-moleque, bolo de nata, pão de coco, bolo de grude, bolo de milho, bolo mole. Fora as castanhas só levemente douradas, maravilhosas. E, nada nada, precisei de outra mala - que, preventivamente, já tinha levado.
Trouxe comigo também aquilo que não ocupa lugar: o carinho das pessoas que me receberam, as novas amizades que fiz e o desejo de conhecer o sertão. Aos poucos, vou contando o que vi.
Fortaleza: Manhattan on the beach |